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Congresso mostrou um CDS saturado com o "consulado do portismo", diz Nuno Melo

26 jan, 2020 - 14:28 • Susana Madureira Martins

Nuno Melo termina este domingo as funções de vice-presidente do partido e assume que a vitória de Francisco Rodrigues dos Santos representa o fim de uma das "páginas mais extraordinárias" do CDS.

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Eurodeputado e militante de base do CDS. É assim que se define o novo Nuno Melo, que a partir deste domingo deixa as funções de vice-presidente do partido, após a vitória de Francisco Rodrigues dos Santos para a liderança. Assume-se como "soldado que já foi general", assumindo também implicitamente o fim do "consulado do portismo".

Trata-se, segundo Nuno Melo, de "uma das páginas mais extraordinárias do CDS, porque foi com Paulo Portas que o partido se reergueu, depois também de resultados muito maus", acrescentando que esse consulado "não estava gasto, mas...", interrompendo a frase por alguns momentos.

Questionado sobre se o consulado de Paula Portas acaba aqui, Nuno Melo responde que espera "que esta possa ser uma continuidade desse legado integrando o melhor de que aí nasceu".

Desse lote de pessoas faz parte João Almeida ou Filipe Lobo d'Ávila, ambos derrotados neste congresso por Francisco Rodrigues dos Santos. Questionado se o partido mostrou que estava saturado destas pessoas, Nuno Melo é taxativo: "manifestamente que sim", acrescentando que "o congresso mostrou durante os trabalhos e mostrou principalmente votando", concluindo que "isso já todos tínhamos intuído".

Nuno Melo, que já foi líder parlamentar do CDS numa altura muito conturbada do partido, e que protagonizou azedas trocas de galhardetes com o então presidente centrista Ribeiro e Castro, em 2005, deixa avisos sobre as relações institucionais entre os cinco deputados e a direção nacional do partido.

O eurodeputado refere que o grupo parlamentar "é muito institucional e não reage, normalmente, quando é respeitado, foi sempre assim", acrescentando que acredita "que essa relação será normal no plano institucional, a começar e no plano pessoal, há pessoas que o Francisco conhece muito bem", avisando que o grupo parlamentar "é um instrumento fundamental na ação política do partido, sem o grupo parlamentar o CDS não terá bons resultados e o tempo é de construir pontes".

Unânime neste pós-eleições é a opinião de que o partido vive "um novo ciclo". O ex-secretário de estado dos assuntos fiscais Paulo Núncio disse à Renascença esperar que o "CDS se possa afirmar como um partido assumidamente de direita, sem complexos centristas, para que possa ser de facto uma oposição consistente e credível ao governo socialista e possa ser no futuro, uma vez mais, uma alternativa de centro-direita para o governo de Portugal".

Na nova direção do partido há muitos elementos que fizeram parte da direção de Ribeiro e Castro há quinze anos. É o caso de Martim Borges de Freitas, que foi secretário geral do partido e agora é presidente da mesa do congresso, ou Filipe Anacoreta Correia, que também foi dirigente nesse tempo.

Ora, questionado se se trata de um ajuste de contas de uma ala mais conservadora do partido com o portismo, Paulo Núncio responde que não vê "assim, trata-se de quadros importantes dentro do CDS, que são ativos importantes do partido e que têm disponibilidade pessoal para poderem abraçar este novo projeto".

Núncio, que também fez parte da direção nacional do CDS nos tempos de Ribeiro e Castro, conclui que o partido não está "perante uma clivagem de pessoas ou de estilos, ou mesmo de projetos, é um novo ciclo com novas pessoas", dizendo esperar que "o CDS depois do congresso ter falado tenha capacidade de se juntar, de se unir e de ser verdadeiramente uma opção credível às políticas socialistas".

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