26 jan, 2020 • José Bastos
A exposição de documentos do Luanda Leaks desferiu um forte golpe na imagem de Isabel dos Santos, a empresária que construiu um império financeiro, aparentemente, à boleia da condição de filha do presidente de Angola (1979 a 2017).
Escritórios de advogados, bancos internacionais, consultoras que lucraram milhões com os negócios de Isabel dos Santos distanciaram-se na última semana da filha de José Eduardo dos Santos alheios também à existência de dezenas de milionários na elite politica e empresarial angolana ainda por escrutinar.
O caso das revelações de documentos resulta de uma fuga de informação a um consórcio de jornalistas de investigação e tem vários impactos em Portugal. Desde logo, porque Isabel dos Santos é acionista de referência em relevantes empresas nacionais, mas também porque são nacionais as sociedades de advogados ou bancos com quem a empresária negociou.
Que danos potenciais o país enfrenta no médio, longo prazo com este caso? De que forma a justiça deve tratar quem na advocacia ou consultadoria poderá ter colaborado no eventual desvio de dinheiros públicos ou branqueamento de capitais? Que lições para as entidades de regulação ou supervisão ou do setor de “compliance” do banco envolvido apesar da alegação de que todos os formalismos e procedimentos legais foram cumpridos?
Estas são algumas das perguntas para Rosário Gamboa, professora universitária, Nuno Botelho, empresário, e Manuel Carvalho da Silva, sociólogo neste "Conversas Cruzadas" que olha ainda para Davos 2020 a quem o Papa Francisco recordou a “responsabilidade moral de cuidar da casa comum”.