24 jan, 2020
Regresso ao problema da corrupção, por causa da divulgação, ontem, do “ranking” da Transparência Internacional. Como a Renascença destacou em título, “Portugal piorou no índice da perceção da corrupção”. Ou seja, não é positiva a avaliação que várias entidades externas e internacionais fazem do combate à corrupção no nosso país.
Pior: “Portugal está há oito anos sem melhorar na perceção da corrupção”, titulava, por sua vez, o “Diário de Notícias”, algo que nos deve preocupar. Estamos abaixo da média da União Europeia. Ora a Grécia, por exemplo, situando-se num lugar do “ranking” muito baixo (o 60º, enquanto Portugal está no 30º) registou uma subida de 12 pontos desde há oito anos – enquanto por cá predomina a estagnação, suscitando a impressão de que a sociedade portuguesa e os políticos, com destaque para o PS, desistiram de combater a corrupção.
Já aqui referi como a ministra da Justiça veio “deitar água na fervura” quanto às expetativas criadas de se avançar para medidas mais eficazes naquele combate. Por exemplo, a colaboração premiada (não confundir com a delação premiada, à brasileira) é um mecanismo já existente no enquadramento legal português, "mas precisa de ser aperfeiçoado", disse em dezembro à Renascença o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses.
O caso chamado “Luanda leaks” (o enriquecimento de Isabel dos Santos) não irá melhorar a imagem de Portugal em matéria de corrupção, naturalmente. Mas também não parece ser um golpe catastrófico.
O que este caso sobretudo suscita é uma interrogação fundamental quanto a Angola: será o ataque da justiça angolana a Isabel dos Santos e a outros membros da família do ex-presidente José Eduardo dos Santos resultado de uma séria luta para diminuir o alto nível de corrupção existente naquele país? Ou será apenas a destruição do grupo de J. E. dos Santos, substituindo-o por gente ligada ao atual Presidente João Lourenço?
Escreveu no “Público” de quarta-feira Luís Aguiar- Conraria: “Se a única incriminada for ela (Isabel dos Santos), então ficamos a saber que a esperança que muitos viram em João Lourenço é vã e que apenas estamos a ver um déspota a destruir os restos de poder do déspota anterior”. Nem mais.