23 jan, 2020 - 17:07 • Rosário Silva
Se tudo correr como previsto, dentro de dois anos, Évora passa a contar com uma nova residência universitária, e a União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social ((UDIPSS), com uma nova sede.
“Já celebramos o contrato de promessa de compra e venda, de um terreno, na Avenida Dinis Miranda, com 900 metros quadrados e uma área de construção de 800 metros quadrados”, revelou, aos jornalistas, o presidente da UDIPSS.
À margem do 4º Encontro das IPSS do Alentejo, Tiago Abalroado explicou que o novo equipamento vai permitir “autonomizar a União”, que reúne oito dezenas de instituições particulares de solidariedade social do distrito de Évora.
“Acoplámos aos serviços da sede, um auditório, uma sala multiusos, uma sala de exposições e um café concerto”, para além de “uma residência universitária”, anuncia o responsável.
“Tivemos que pensar numa via que pudesse ajudar a robustecer a capacidade organizativa e financeira da união distrital, para podermos ser realmente autónomos e com sustentabilidade”, depois de um diagnóstico às carências do território, “então, percebemos que havia a necessidade de residência e alojamento para estudantes”, esclarece Tiago Abalroado.
Com capacidade para cerca de 50 estudantes, a futura residência universitária quer constituir-se como “simbiose entre a universidade de Évora e as IPSS”, dando a possibilidade aos alunos da instituição de ensino superior, de contatarem de perto “com o trabalho altamente meritório que estas instituições desenvolvem no território”, estimulando essa ligação através de ações que vão decorrer naquele espaço.
“Vamos ter uma agenda cultural própria e o espaço será aberto à comunidade”, assegura o presidente da UDIPSS, com o horizonte colocado na captação de “profissionais para um sector muito atrativo, de excelência, que faz muito bem às nossas populações e para o qual precisamos de profissionais qualificados, capacitados e bem preparados para prestar serviço nas instituições.”
O terreno custou 100 mil euros, mas o investimento global ainda “não está determinado”. Em articulação com o município, a união distrital das IPSS, espera ter este seu projeto concluído num prazo de dois anos “para começarmos a rentabilizar o espaço e assim liquidar o financiamento”, afirma o responsável, que admite a necessidade de “um investimento robusto para um projeto desta envergadura.”
A UDIPSS vai avançar com “duas iniciativas de crowdfunding” para adquirir o dinheiro necessário à obra. “As pessoas particulares e coletivas poderão ser beneméritas neste projeto, tal como as instituições de base da união, que serão contatadas para darem o seu contributo”, refere o presidente da união distrital.
A futura residência será “modesta e direcionada para a classe média”, não estando posta de parte a possibilidade de aceitar “estudantes em situação de maior fragilidade”, sublinha, ainda, Tiago Abalroado.
A realização de atividades de promoção do sector social e solidário, é uma das premissas deste projeto da UDIPSS, daí a importância do intercâmbio com a Universidade de Évora, consubstanciado, agora, num protocolo de incentivo ao voluntariado.
“O objetivo é que os estudantes possam, durante o curso ou mesmo depois do curso, independentemente da área em que estão a fazer a sua especialização, desenvolver trabalho de voluntariado nas IPSS, em todas as áreas em que estas têm intervenção”, justifica o presidente da união distrital.
“Contactar com as IPSS e com o trabalho que por elas é desenvolvido, é o grande motor deste protocolo que esperemos dê bons resultados, com as nossas 80 associadas a beneficiar desta dinâmica”, acrescenta.
Por seu lado, a Universidade de Évora, que já dispõe de um Gabinete de Apoio ao Estudante, pretende aferir das necessidades dos seus alunos e anuncia disponibilidade, caso não tenham as competências necessárias, para “dar formação aos estudantes, para poderem ajudar estas instituições de solidariedade”, indica à Renascença, a vice-reitora Cesaltina Pires.
“A ideia é termos um ambiente de aprendizagem que não seja exclusivamente focado na aprendizagem formal, mas que se abra também à sociedade”, refere, como “complemento, tornando mais rica a formação.”
De acordo com Cesaltina Pires, a instituição já desenvolve um trabalho que vai de encontro ao desejo de muitos alunos de dedicarem parte do seu tempo ao voluntariado. É, precisamente, o Gabinete de Apoio ao Estudante que coordena todo o processo.
“A universidade oferece estímulos”, afirma a vice-reitora, sempre com os olhos postos no futuro dos seus estudantes. “O mercado de trabalho valoriza estas ações que mostram que os estudantes são proactivos, e isso pode constituir-se como porta de entrada para o mercado de trabalho”, declara Cesaltina Pires.