23 jan, 2020 - 08:52 • Carla Caixinha
Os incensos testados anunciam bem-estar, mas contêm químicos perigosos, alguns deles carcinogénicos, pelo que devem ser retirados do mercado. O alerta é feito pela Deco após ter analisado diversos produtos à venda.
As “conclusões relativamente aos incensos continuam a ser assustadoras: são uma mescla de substâncias irritantes para olhos, nariz e vias respiratórias - algumas são reconhecidamente carcinogénicas e outras, pelo menos, suspeitas”, descreve uma nota enviada às redações pela Associação Portuguesa para a Defesa do Defesa do Consumidor (Deco), lembrando que nada mudou em sete anos, quando foram realizados os primeiros testes a incensos e velas aromáticas.
Acetaldeído, acetona, acroleína, benzeno, etilbenzeno, formaldeído, monóxido de carbono, naftaleno e outros compostos orgânicos voláteis são alguns dos químicos detetados na queima dos seis incensos analisados.
Todos falharam na avaliação da presença de contaminantes químicos, segundo a associação, que lembra que os incensos testados “são comprovadamente perigosos para a saúde dos consumidores a curto (irritações) e a médio e longo prazos (variando com os períodos de exposição, patologias respiratórias crónicas, doença oncológica).
“Concluímos no sentido de que devem ser retirados do mercado - já apresentámos este pedido à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Demos, igualmente, conhecimento à Direção-Geral da Saúde”, refere a Deco no mesmo comunicado.
De acordo com a associação, é comum encontrarmos nas embalagens as palavras: natural, purificante, seguro e energia positiva. Contudo, “de um ponto de vista da segurança dos consumidores e da obrigação da prestação de uma informação verdadeira e comprovável, são absolutamente inadmissíveis”.
A isto, acresce uma rotulagem insuficiente, com alegações falsas, impressa de forma ilegível.
A Deco diz ainda que, já após o teste que fez há sete anos, alertou os grupos parlamentares para esta questão e que a Comissão Internacional de Normalização produziu normas que contemplam os parâmetros abordados e estabeleceu métodos de análise e tetos máximos de exposição, “mas que carecem, ainda, da regulamentação necessária de modo a que tenham força de lei”.