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Polícias. Histórico do sindicalismo critica mudanças na lei

21 jan, 2020 - 13:19 • João Cunha (reportagem), Marta Grosso (texto) com Lusa

António Ramos marcou presença no protesto de polícias pertencentes ao Movimento Zero, no aeroporto de Lisboa. Manifestação oficial está marcada para as 16h00.

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O homem que fundou o Sindicato de Profissionais de Polícia critica a nova lei sindical, que limita a atividade dos sindicatos e dos seus membros.

“Neste momento, os polícias não conseguem reunir os seus órgãos. As dispensas sindicais foram reduzidas ao mínimo: de 1.400 para 74 horas. Há sindicatos que não têm dirigentes nem delegados ao nível dos comandos e das divisões, portanto, isto foi do 8 ao 80”, afirmou António Ramos.

“Esta lei sindical foi um retrocesso no que toca ao sindicalismo na polícia, onde estivemos 22 anos a lutar pelo direito ao sindicato”, sublinhou em declarações aos jornalistas no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, onde um grupo de polícias do Movimento Zero se concentrou.

António Ramos é um histórico líder sindical da PSP. Neste momento, está na pré-reforma, mas lutou desde 1980 pelo direito de a polícia ter um sindicato – objetivo só alcançado em 2003.

Nesta terça-feira, aproveitou a concentração silenciosa de polícias junto ao aeroporto de Lisboa para criticar a nova lei sindical, que classificou "um aborto" por retirar alguns direitos conseguidos ao longo das décadas de luta.

"Antes de esta lei ser aprovada, todas as esquadras, todos os departamentos tinham um delegado. Agora, em Lisboa, mesmo os sindicatos representativos não têm lá ninguém. Se as pessoas não têm horas para poder vir para aqui, ainda por cima cortam férias e folgas, então não vale a pena. Os polícias, neste momento, não têm alternativa", contestou.

Movimento Zero silencioso no aeroporto de Lisboa

O protesto do Movimento Zero (M0) decorre no âmbito das manifestações de polícias marcadas para esta terça-feira. Embora a Direção Nacional da Polícia já tenha dito que não autoriza a concentração no aeroporto, ela acabou por acontecer de forma silenciosa e ordeira.

Começou na zona das Chegadas, às 10h00, com apenas uma dezena de elementos sem identificação. Com o passar do tempo, o número foi aumentando, até cerca de meia centena, e o grupo deslocou-se para a zona das Partidas – sempre debaixo do olhar atento dos colegas polícias fardados que fazem o controlo de entradas no do Aeroporto Humberto Delgado.

No aeroporto de Faro, o protesto do Movimento Zero reunia, às 11h00, perto de 20 pessoas, que se concentravam junto às Partidas, sem ostentarem cartazes ou as camisolas brancas que identificam o movimento.

No Porto, no aeroporto Sá Carneiro, pelas 10h45 não havia qualquer protesto organizado – apenas um grupo de pessoas que se declarou solidária com o Movimento Zero e que não se quiseram identificar.

Sem o apoio dos sindicatos, o M0 é um movimento social inorgânico criado em maio de 2019 por elementos da PSP e da GNR. Tornou-se mais visível na manifestação de novembro último e pretende agora estender o protesto por vários dias.

Através das redes sociais, o Movimento está a apelar à participação de polícias e civis, sublinhando contudo que “o comportamento exemplar é marca registada do M0”.

O M0 está ainda a pedir aos participantes que levem um bem alimentar ou um brinquedo, para depois serem “doados aos mais carenciados”.

A partir das 16h00, manifestam-se PSP e GNR, em simultâneo em Faro, Lisboa e Braga, onde se vão concertar em frente ao estádio que vai receber a Final Four da Taça da Liga.

[notícia corrigida - no segundo parágrafo, "1.400 para 74 euros" corrigido para "1.400 para 74 horas]

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