19 jan, 2020 • José Bastos
O 38.º Congresso do PSD, de 7 a 9 de fevereiro em Viana do Castelo, será inequívocamente o primeiro grande 'teste' ao estado da unidade que saiu das eleições diretas do PSD depois de Rui Rio ter renovado a liderança com 53,02% dos votos e Luís Montenegro obter 46,98%.
Nas primeiras eleições diretas do PSD em que houve segunda volta, a diferença entre Rio e Montenegro situou-se nos seis pontos percentuais, mais curta do que a que Rio conseguiu há dois anos frente a Pedro Santana Lopes (a disputa ficou então nos 54-46%).
No Congresso de Viana do Castelo não haverá uma lista de unidade ao Conselho Nacional entre os dois adversários, ao contrário do que aconteceu há dois anos entre Rio e Santana Lopes, que Rui Rio reconheceu, ontem à noite, "não correu bem". Na análise dos resultados do país, Rio ficou à frente em 12 distritos e Montenegro em dez, quando na primeira volta o atual líder tinha vencido em 13 e Montenegro em seis. Nas distritais de maior peso, Rio venceu no Porto e em Aveiro - com 64% e 59%-, enquanto Montenegro ganhou na capital - 65% - e em Braga, com 52%.
O atual líder do PSD voltou a vencer nos Açores, Beja, Bragança, Évora, Europa, Faro, Guarda, Santarém, Viana do Castelo e Vila Real, enquanto Luís Montenegro manteve as vitórias em Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Lisboa Área Oeste e Viseu.
Nos discursos da última noite Rui Rio recusou que o PSD esteja "partido" e disse contar com todos que trabalhem "com estabilidade e lealdade". Já Luís Montenegro sublinhou que "a unidade começa precisamente na liderança e no líder, quero desejar que o dr. Rui Rio tenha a capacidade de devolver esta unidade ao nosso PSD", afirmou, pedindo-lhe que tenha a capacidade de "interpretar" os resultados eleitorais nacionais e internos. Montenegro garantiu ainda não abdicar de dar o seu contributo no congresso e afastou precocemente rumores de uma pretensa morte política.
E agora como vai ser o dia seguinte à renovação do mandato de Rio na liderança? Antes ainda do Congresso de Viana do Castelo, Rui Rio vai coordenar a apresentação de propostas na especialidade ao Orçamento do Estado para 2020, já comprometido com uma medida: a redução do IVA para a eletricidade (deixando cair a do gás), mas sem revelar mais detalhes.
Mas o calendário é muito exigente quanto a desafios políticos. Alguns exemplos são as eleições regionais nos Açores depois do Verão, as presidenciais em Janeiro de 2021 e as autárquicas de Outubro de 2021. Rio tem apontado - já desde 2018 - as autárquicas de 2021 como fundamentais para o PSD inverter a tendência de 2013 e 2017.
Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law, Universidade de Arlington, Virginia, Estados Unidos, Manuel Carvalho da Silva, professor da Universidade de Coimbra e Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, analisam o futuro do PSD e de outros pontos inscritos na geometria política nacional num espaço que conta ainda habitualmente com Manuel Carvalho da Silva, professor da Universidade de Coimbra.