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Estudo inovador em Coimbra. Retina pode facilitar diagnóstico de Alzheimer

13 jan, 2020 - 11:05 • Lusa

A equipa de investigadores, coordenada por Francisco Ambrósio, explorou o conceito da "retina como um espelho ou janela para o cérebro".

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Um estudo desenvolvido por uma equipa multidisciplinar da Faculdade de Medicina de Coimbra demonstrou que a retina pode facilitar o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, anunciou a Universidade de Coimbra (UC).

"A retina poderá funcionar como um biomarcador não invasivo relevante para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer", revela uma nota enviada à agência Lusa.

Uma vez que a retina é um tecido do sistema nervoso central ("tem a mesma origem embrionária que o cérebro") e é considerada uma extensão do cérebro, a equipa de investigadores, coordenada por Francisco Ambrósio, explorou o conceito da "retina como um espelho ou janela para o cérebro", isto é - explica a UC -, "a retina pode "mostrar" o que acontece no cérebro, no contexto de doença de Alzheimer".

Nesse sentido, foi realizado "um estudo longitudinal, único e inovador, com um modelo animal triplo transgénico da doença de Alzheimer (3×Tg-AD), um murganho que possui três genes humanos com mutações associadas a esta doença neurodegenerativa". Foi também usado um grupo de controlo (murganhos saudáveis).

Os resultados, já publicados na Alzheimers Research & Therapy - "uma das principais revistas internacionais" na área das neurociências e da neurologia clínica - indicam "a existência de alterações estruturais e funcionais na retina e alterações estruturais no córtex visual do modelo animal 3×Tg-AD", afirma o líder do estudo. "Estas alterações neurais poderão ser usadas como um biomarcador adicional para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer", salienta.

Usar o olho como ferramenta

"Além disso, este trabalho reforça a possibilidade de se usar o olho como uma ferramenta adicional (de modo não invasivo) para o diagnóstico precoce e monitorização terapêutica da doença de Alzheimer", acrescenta, citado pela UC, Francisco Ambrósio.

Posteriormente, a equipa de especialistas, constituída também por Miguel Castelo-Branco, Rui Bernardes e Isabel Santana, realizou estudos com humanos, tendo confirmado "a existência de algumas alterações na retina e uma associação positiva entre as alterações no cérebro e na retina", refere.

Mas, adverte, "para uma validação robusta da possibilidade de se usar a retina como biomarcador, é necessário aumentar o número de doentes".

Mesmo assim, considerando que o diagnóstico precoce é crucial para um tratamento mais eficaz da doença de Alzheimer e que o olho permite realizar testes não invasivos, ao contrário do cérebro, "este trabalho constitui uma abordagem bastante relevante para a prática clínica", sustenta.

Apesar de o estudo se ter focado na Alzheimer, pode ser alargado a outras patologias, como doença de Parkinson e escleroses múltipla e lateral amiotrófica.

A Alzheimer é caracterizada pela "perda gradual e irreversível de determinadas funções cerebrais, como a memória, a atenção e a linguagem", representa cerca de 60 a 70% dos casos de demência, segundo a Organização Mundial de Saúde, e o seu diagnóstico "não é fácil de fazer", sublinha a UC.

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