10 jan, 2020 - 14:27 • Redação
A fadista portuguesa Raquel Tavares, de 35 anos, anunciou que vai terminar a sua carreira na música.
Assumindo que "foi a decisão mais díficil" que já tomou, a artista confessou que há mais de um ano que "estava profundamente infeliz" e que atuou várias vezes "doente no último ano".
Em entrevista a Cristina Ferreira, no programa da manhã da SIC, na quinta-feira, Raquel Tavares explicou que está saturada das exigências da vida pública que, atualmente, são indissociáveis da profissão de fadista. "Antes de ser figura pública, sou artista. Antes de ser artista, sou gente, sou pessoa".
Apesar de ressalvar, várias vezes, que está muito agradecida por todo o sucesso, a intérprete da conhecida canção “Meu Amor de Longe”, faz um balanço negativo dos últimos anos, por ter abdicado de tanto. “Estou muito sozinha. Não construí nada.”
A artista, que canta desde a infância, "há mais de 28 anos", assumiu não ter conseguido lidar com o mediatismo. "Eu sou fadista naquele tempo em que ser-se fadista não era espectacular, não era 'cool', não era uma coisa moderna, não era um 'statement' interessante”.
Em relação ao futuro, a agora ex-fadista afirmou não ter medo de trabalhar, e que pretende tentar outras coisas em áreas que lhe interessam, como a comunicação e o mundo televisivo, mas numa vertente com menos exposição pública.
A cantora criticou ainda a necessidade de, hoje em dia, os cantores precisarem de ser populares para serem reconhecidos como bons profissionais.
"É um grande artista porque esteve duas horas a dar autógrafos. Não! É um grande artista porque fez um brilhante concerto. E deixou visceralmente tudo ali em cima. E isso foi os artistas com que eu cresci”.
A entrevista terminou com a cantora e a apresentadora abraçadas, visivelmente comovidas, depois da intérprete ter afirmado não querer usar-se mais da música para ganhar dinheiro. "Quero ter história para cantar que não tenho neste momento. Tudo o que eu possa cantar é mentira, porque eu não tenho verdade nenhuma para cantar. Se eu não tenho vida vou cantar o quê?”
Raquel Tavares editou quatro álbuns de estúdio: "Porque Canto Fado" (1999), "Raquel Tavares" (2006), "Bairro" (2008) e "Raquel" (2016).