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Guaidó, impedido de entrar na Assembleia Nacional da Venezuela, perde presidência

05 jan, 2020 - 21:16 • João Pedro Barros com Lusa

Vídeos mostram Guaidó a tentar subir as grades do edifício. Deputados que o apoiam, impedidos de participar na votação por não estarem “legalmente habilitados”, falam em “golpe parlamentar”.

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Os deputados parlamentares chavistas elegeram este domingo Luis Parra como presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, perante o protesto do anterior líder, Juan Guaidó, impedido de entrar, durante horas, pela polícia.

Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino da Venezuela em janeiro de 2019, tentou mesmo entrar no edifício subindo pelas grades, mas foi impedido. As tentativas foram filmadas por várias pessoas presentes no local.

Com vários deputados da oposição ao regime do Presidente eleito, Nicolas Maduro, detidos fora do edifício do parlamento pela polícia, Luis Parra, antigo elemento do partido Primeiro Justiça (opositor de Maduro e rival de Guaidó), foi escolhido presidente da Assembleia Nacional.

Os apoiantes de Juan Guaidó, que esperava ser reeleito no cargo, classificaram esta eleição como “um golpe parlamentar”, denunciando a ilegalidade do ato, por falta de ‘quorum’ para realizar a eleição.

Guaidó tentou garantir que todos os deputados opositores do regime pudessem aceder à sessão, mas um grupo da Polícia Nacional Bolivariana filtrou a entrada de muitos deles, considerando que não estavam “legalmente habilitados” para participar na votação.

“Se não entram todos, não entra nenhum”, disse Juan Guaidó, quando foi barrado à entrada da Assembleia Nacional.

Governo interino denuncia "atropelos do regime"

Em comunicado enviado às redações, o Governo interino da Venezuela acusou o regime de Nicolás Maduro, o Presidente em exercício, de impedir o acesso dos deputados da oposição com o objetivo de "obstaculizar a votação da nova direção da Assembleia Nacional e a reeleição de Juan Guaidó como presidente".

"Desta forma, alertamos os países e organizações do mundo livre sobre a manobra do regime para eleger uma direção apoiada por um grupo de deputados vinculados com atos de corrupção. É necessário assinalar que existem 49 deputados afetados por medidas de perseguição da ditadura de Maduro, muitos deles hoje no exílio e outros que se mantêm privados da liberdade por defender a democracia. Todos estes atos da ditadura realizaram-se em clara violação do artigo 200 da Constitução, que inclui a condição de imunidade parlamentar de que gozam os deputados", pode ler-se.

No interior da Assembleia, Luis Parra fez o juramento de posse como presidente, entre gritos e empurrões de vários deputados oposicionistas, mas com o apoio da bancada chavista.

A presidência da Assembleia Nacional é um cargo relevante por ter sido invocada por Juan Guaidó como elemento justificativo da sua ação como líder de oposição ao regime de Nicolas Maduro, após uma crise política e social que dura há cerca de um ano.

Foi em virtude da sua qualidade de presidente da Assembleia Nacional que Juan Guaidó se autoproclamou Presidente interino da Venezuela, em 23 de janeiro de 2019, reconhecido por cerca de 60 países (incluindo Portugal) e entrando em rota de colisão com Nicolas Maduro, num confronto que ainda permanece.

Com o apoio da comunidade internacional, Juan Guaidó tem pedido a Maduro para convocar eleições nacionais “livres e transparentes”, perante a recusa do Presidente eleito, que considera ilegítima a ação do líder da Assembleia Nacional.

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