05 jan, 2020 • José Bastos
O presidente Trump advertiu o Irão de que os Estados Unidos podem actuar em 52 alvos de grande importância para o país, um alerta inscrito na sua conta na rede social Twitter.
“Iremos actuar de forma muito rápida e em força. Os Estados Unidos não querem ser mais ameaçados”. Segundo Trump o Irão quer actuar “em modo vingança” por os Estados Unidos “terem livrado o mundo de um líder terrorista que acaba de matar um cidadão norte-americano – um empreiteiro - e ferir muitos outros”, numa referência à eliminação do general iraniano Qassem Soleimaini, num ataque com um drone na sexta-feira em Bagdad.
Já antes da vaga de tuítes presidenciais o chefe do estado maior das forças armadas norte-americanas, o general Mark Milley, havia justificado o ataque contra Soleimani. “O risco de nada fazer era maior do que o risco de actuar”, disse Milley garantindo que Soleimaini estava a planear “uma significativa campanha de violência contra os Estados Unidos” nos próximos dias.
Definitivamente encurralado pela eliminação do seu número dois, o regime iraniano pode reagir aumentando as tensões no golfo Pérsico por onde circula boa parte do petróleo mundial, golpeando algum ponto estratégico como o estreito de Ormuz. Factor não negligenciável é o das presidenciais nos Estados Unidos terem lugar dentro de meses, a 3 de Novembro.
A partir deste momento o objectivo prioritário do Irão será contribuir para impedir a reeleição de Trump. Há um precedente histórico que remonta a 1980, quando Teerão comprometeu a reeleição do democrata Jimmy Carter.
Os iranianos poderão pretender levar a cabo um desgaste sistemático dos interesses de Washington em pequenas doses, porque o choque frontal seria fatal a Teerão. Por outro lado, se as sondagens forem desfavoráveis Trump poderá sempre optar por uma acção de maior calado contra o Irão.
Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law, Universidade de Arlington, Virginia, Estados Unidos, Manuel Carvalho da Silva, professor da Universidade de Coimbra e Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, analisam esta crise e temas da agenda doméstica num espaço que conta ainda habitualmente com Luís Aguiar-Conraria, professor da Universidade do Minho.