01 jan, 2020 - 13:01 • Tiago Palma
Na habitual mensagem de Ano Novo, esta quarta-feira transmitida em direito da ilha do Corvo, nos Açores, o Presidente da República disse que o ano de 2020 "será o início de um novo ciclo, um ciclo que tem de ser de esperança mais do que de desilusão”.
Em Portugal, esperança, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, "quer dizer governo forte, concretizador e dialogante" para corresponder à vontade da população, "que escolheu [nas legislativas] continuar o mesmo caminho, mas sem maioria absoluta”.
Mantendo-se na esfera política, à oposição (já no começo do ano, PSD e o CDS vão ter eleições internas) Marcelo atribuiu semelhante desafio: que seja também ela “forte”, em “alternativa” ao PS. A um e outro lado, oposição ou governo, o Presidente da República pede “entendimento quando o interesse nacional assim o exija".
Primeiro-ministro escreve no Jornal de Notícias um(...)
O discurso do Presidente voltou-se também à justiça e à segurança. Primeiro a justiça, que tem que ser “respeitada, atempada e eficaz" no combate à corrupção, criando, desta forma, “confiança". Quanto às forças de segurança, para estas pede “apoio”, por forma a serem “garantes de autoridade democrática”.
Na economia, Marcelo Rebelo de Sousa ambiciona crescimento, “para enfrentarmos chocantes manchas de pobreza, estrangulamentos na saúde, carências na habitação, urgências para com cuidadores informais e sem abrigo", disse.
Mas para se ver crescimento é preciso tempo. E empenho. “Esperemos e trabalhemos. Trabalhemos e não só esperemos. Para ter um ano de 2020 melhor do que o de 2019. Nesse trabalho, nesse labor, há, olhando à escassez de recursos, prioridades a determinar. Concentremo-nos na saúde, na segurança, na coesão e na inclusão, no conhecimento e investimento, convertendo a esperança em realidade”, disse.
Líderes europeus "têm que sair das suas torres de marfim"
Feitos os pedidos para dentro, para o país, o Presidente da República dirigiu-se em seguida ao exterior. Marcelo pretende ver superadas “ameaças de guerras comerciais entre grandes potencias”, propondo igualmente “soluções conjuntas” para emigrantes e refugiados, “respeito pelos direitos humanos” e “procura de paz nos conflitos que agitam a Ásia, América Latina e África”.
Isto sem nunca deixar de parte, claro, a questão das alterações climáticas, apelando a todos os líderes mundiais para estarem com “maior atenção ao apelo de António Guterres”, secretário-geral da Organização das Nações Unidas.
No espaço europeu, o Presidente falou diretamente aos “governantes eleitos em 2019”, pedindo-lhes, entre outras coisas, “que promovam crescimento e emprego, combatam desigualdades e que saiam das suas ‘torres de marfim’, para se aproximarem dos europeus”.