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Mensagem de Natal

António Costa assume que "há vários problemas para resolver" na saúde

25 dez, 2019 - 21:05 • Susana Madureira Martins

O primeiro-ministro dedicou a habitual mensagem de Natal exclusivamente à saúde. António Costa reconhece que o que o Governo tem feito nesta área "não é suficiente", que tem "o dever de fazer mais e melhor", expressando ainda "profundo reconhecimento" aos profissionais do setor.

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António Costa. “O nosso dever é garantir um melhor futuro para o SNS”
António Costa. “O nosso dever é garantir um melhor futuro para o SNS”

São cinco minutos de mensagem de Natal exclusivamente dedicados ao setor da saúde. O primeiro-ministro faz mesmo questão de dizer que está "bem ciente" que o país "enfrenta muitos outros desafios", como o "combate às alterações climáticas, a pobreza, o acesso à habitação, a melhoria do emprego, da educação ou o fortalecimento do crescimento económico", mas que, este ano é "de saúde e só de saúde" que quer falar.

António Costa diz que "mais do que celebrar o passado, o dever é responder às necessidades do presente e garantir o melhor futuro para o SNS". E logo à partida, o primeiro-ministro reconhece que "a saúde é, actualmente, uma das principais preocupações dos portugueses" e assume "que há vários problemas para resolver no SNS".

E Costa elenca esses problemas", referindo que compreende "bem a ansiedade daqueles que ainda não têm médico de família, dos que aguardam numa urgência ou dos que esperam ser chamados para um exame, uma consulta ou cirurgia", acrescentando que "os cuidados de saúde primários são a base do SNS e o melhor caminho para atingir a meta de cobertura nacional em saúde".

Governo tem "o dever de fazer mais e melhor"


Considerando "a saúde um bem essencial", o primeiro-ministro decidiu dirigir "esta mensagem de confiança e de compromisso" a partir de uma das mais recentes unidades de saúde familiar, a USF do Areeiro, que abriu há dias e que ainda nem sequer foi inaugurada.

No ano em que se assinalam os 40 anos do SNS, Costa diz querer assim "expressar a determinação do Governo em reforçar a capacidade de resposta de proximidade do SNS para que este seja cada vez mais um motivo de orgulho nacional".

E depois surge na mensagem o já habitual puxar de galões do que foi feito pelo Executivo, com Costa a insistir que nos últimos quatro anos recuperou "a dotação orçamental do sector da saúde", foram admitidos "mais 15 mil profissionais" e conseguiu "aumentar o número de consultas e de intervenções cirúrgicas realizadas".

E é aqui que o primeiro-ministro conclui que está ciente que tudo isto "não é suficiente" e que o Governo tem "o dever de fazer mais e melhor".

E agora, segundo Costa, isso é possível devido à "gestão orçamental responsável" que permite "atacar de forma sustentável a crónica suborçamentação e o contínuo endividamento dos serviços de saúde".

Com a proposta de Orçamento do Estado entregue no Parlamento, Costa na mensagem deixa o recado aos portugueses, às oposições e aos gestores em saúde: o documento "contempla o maior reforço de sempre no orçamento inicial do sector da saúde e confere maior autonomia aos hospitais para garantir uma maior eficiência e responsabilidade na gestão do seu dia a dia".

Depois vem o rol de decisões já tomadas neste sector: "o programa de melhoria de resposta do SNS", que "prevê ainda um conjunto de investimentos em infraestruturas e equipamentos de saúde autoriza a contratação de mais de oito mil profissionais de saúde, o pagamento de incentivos para redução de listas de espera através da realização de mais cirurgias e mais consultas incluindo ao sábado".

E para o fim fica a promessa. O Governo vai "continuar a alargar a oferta de médicos de família, duplicar o ritmo de investimento em cuidados continuados abrindo mil novas camas das quais duzentos de saúde mental", garante o primeiro-ministro.

Ou ainda a promessa prevista no OE de que "já a partir de 2020" se vai "começar a eliminar faseadamente as taxas moderadoras nos cuidados de saúde primários e nos tratamentos prescritos no SNS", o que, segundo Costa, mostra "bem a prioridade" que o Executivo dá "ao sector da saúde".

E, mais uma vez, a ideia de que o que foi feito não foi suficiente, com o primeiro- ministro a dizer-se ciente que tem "de dar continuidade a este esforço nos próximos anos".

Nesta mensagem de Natal monotemática, Costa deixa ainda uma "palavra solidária aos que com menor ou menor gravidade enfrentam a doença", fazendo questão de "expressar profundo reconhecimento a todos os profissionais que diariamente dão o seu melhor para assegurar os cuidados de saúde".

De registar que logo no arranque da mensagem Costa faz questão de referir-se "aos que estão longe da família, aos que estão a trabalhar assegurando o funcionamento de serviços essenciais" e essa referência clássica aos "militares e membros das forças de segurança que se encontram em missões no estrangeiro". Para todos esses, o primeiro-ministro dedica um "abraço fraterno".

Comentários
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  • Americo
    26 dez, 2019 Leiria 09:45
    Que hipocrisia......................
  • LIBERATO
    25 dez, 2019 Almada 23:28
    Ouvi sem grande entusiasmo este discurso, apenas com a firme certeza de que aquelas promessas não são para cumprir e que o ato de contrição era apenas tática política. Pode ser que esteja errado mas nos últimos tempos quando me dizem que vamos dar um passo em frente acontece o oposto. De alguma forma, a Saúde é o caso mais grave, no meio de muitos outros sectores , de um Estado que sorve financeiramente os cidadãos dando-lhes em troca serviços públicos disfuncionais e sem condições técnicas e de recursos humanos adequados às exigências de desempenho. De alguma forma, este é o caminho para destituir esses mesmos cidadãos (eu incluído obviamente) da sua dignidade e de uma perpectiva de futuro positiva.
  • O CURIOSO
    25 dez, 2019 22:21
    " OITOCENTOS MILHÕES € e OITO MIL PROFISSIONAIS " para o SNS. Como UTENTE do Serviço Nacional de Saúde e como CURIOSO que sou, gostava de perguntar ao Senhor Primeiro Ministro o seguinte: os MILHÕES previstos irão ser distribuídos em que ÁREAS da Saúde. Se considerarmos a Saúde como uma roda quantas fatias serão cortadas para absorverem esses milhões. Pergunto porque TODOS os ANOS são INJETADOS MILHÕES e MILHÕES no SNS e de ano para ano o serviço prestado vai de MAL a PIOR. Um dos grandes MALES do SNS é que toda a GENTE quer ser DIRETOR e quando isso não acontece, aí vem a instalação do CAUS. É também CORRENTE os Senhores DIRETORES/PRESIDENTES dos Conselhos de Administração serem NOMEADOS sem grande crivagem, isto é, saem de um HOSPITAL ou CENTROS HOSPITALARES para outros sem demonstrarem o estado em que deixaram esses ESTABELECIMENTOS. São VÁRIOS os casos e os " GESTORES " são sempre os MESMOS. Poderia aqui divulgar alguns desses casos mas a TUTELA sabe isso tão bem como eu. Quando se gasta em princípio é para melhorar, mas ALGUNS desses GESTORES quando saem, saem sem conhecerem o espaço FÍSICO que geriram. Assim como podem andar de UNS para OUTROS? Por outro lado os OITO MIL são de que áreas de Pessoal, Médicos, Enfermeiros, Técnicos, Auxiliares, Administrativos ou ADMINISTRADORES? Sim, Administradores. Hoje há mais ADMINISTRADORES do que MÉDICOS é só conta-los. Se acharem exagero de Administradores, contem as DIREÇÕES INTERMÉDIAS pois os vencimentos são equivalentes.

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