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Turquia vai mandar tropas para a Líbia

26 dez, 2019 - 14:48 • Filipe d'Avillez Com Reuters

A eventual entrada em cena de forças turcas promete aumentar a tensão entre Ancara e Moscovo, que já se encontram de lados contrários no conflito na Síria.

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A Turquia anunciou esta quinta-feira que vai mandar tropas para a Líbia, para apoiar o Governo reconhecido pela comunidade internacional.

O anúncio foi feito pelo Presidente Tayyip Erdogan esta manhã, num discurso a membros do seu partido. O chefe de Estado, que recentemente ordenou a invasão de parte do nordeste da Síria, disse que o a medida será sujeita a aprovação pelo Parlamento mal este reabra. Espera-se luz verde por volta do dia 8 ou 9 de janeiro, segundo a Reuters.

Segundo Erdogan a Turquia está simplesmente a responder a um pedido que foi feito pelo Governo de Acordo Nacional (GAN) que está a tentar repelir um ataque levado a cabo pelas forças leais ao general Khalifa Haftar, que conta com o apoio da Rússia, do Egito e dos Emirados Árabes Unidos.

A medida poderá aumentar a tensão regional uma vez que no nordeste da Síria a Turquia já se encontra em oposição formal às forças do regime de Bashar al-Assad, que têm o apoio dos russos. Até agora, contudo, a Rússia e a Turquia têm mantido uma atitude pragmática, evitando uma escalada da tensão bilateral.

Contudo, o ministro do Interior do GAN, quando questionado, disse que não sabia a que se referia Erdogan e que não existia qualquer pedido de forças turcas, embora sem descartar a possibilidade de tal vir a acontecer.

“Se a situação piorar, temos o direito a defender Tripoli e os seus residentes… Então faremos um pedido ao Governo turco para nos apoiar militarmente para podermos expulsar o fantasma das forças mercenárias”, disse Fathi Bashagha em declarações a jornalistas em Tunes, onde está em viagem oficial.

Moscovo descontente

A Rússia já mostrou preocupação com a possibilidade de uma intervenção turca na Líbia, mas Erdogan foi firme na sua resposta, dizendo que o seu Governo não se manterá em silêncio sobre o facto de haver grupos armados com ligação a Moscovo a operar no país, nomeadamente o Grupo Wagner, que oficialmente é um grupo mercenário privado, mas que alguns acusam de ser apenas uma unidade militar russa disfarçada.

“A Rússia está lá com 2.000 combatentes do Wagner. Foram convidados pelo Governo oficial da Líbia? Não”, afirmou Erdogan, referindo-se também a cinco mil mercenários do Sudão. “Estão todos a ajudar um senhor da Guerra (Haftar). Já nós estamos a aceitar um convite do Governo legítimo. Essa é a diferença”, referiu.

A situação é precisamente contrária ao que se passa na Síria, onde as forças russas – incluindo membros do Grupo Wagner, apoiam o Governo legítimo da Síria e os turcos apoiam grupos rebeldes.

A guerra civil entre as forças de Haftar e o GAN dura há mais de cinco anos. Atualmente o GAN, não obstante ser reconhecido internacionalmente como o Governo legítimo, ocupa uma parte residual do país, incluindo a capital, Tripoli. As forças leais a Haftar ocupam a vasta maioria, mas têm-se mostrado incapazes de tomar de assalto a capital.

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