21 dez, 2019 - 13:11 • Redação
Membros da anterior direção executiva da France Télécom, atual Orange, foram condenados a penas de prisão e multa por terem sido declarados culpados de “assédio institucional” e da criação de uma cultura de trabalho que espoletou diversos casos de suicídio na companhia de telecomunicações.
É a primeira vez que patrões são condenados por "implementarem" uma estratégia geral de “bullying”, mesmo sem terem interagido diretamente com os trabalhadores – o que pode abalar o mundo empresarial francês.
O ex-chefe executivo Didier Lombard, o ex-vice-presidente Louis-Pierre Wenes e o diretor de recursos humanos Olivier Barberot foram senteciados a um ano de prisão, mas com oito meses de execução suspensa, e multados em 15.000 euros.
Todos foram considerados culpados por crimes ocorridos em 2007 e 2008, quando foram implementados planos de redução de custos. O tribunal ouviu relatos angustiantes de vários funcionários e também de algumas famílias, que descreveram o abuso psicológico sistemático feito aos trabalhadores, afirmando que os chefes estavam meramente focados na redução de custos e de postos de emprego.
O advogado de Lombard já afirmou que irá recorrer da decisão.
Entre 2008 e 2009, a empresa que tinha sido privatizada, estava a realizar um plano de restruturação que implicava a eliminação de 22.000 empregos. Durante esse ano, suicidaram-se 35 funcionários.
A investigação concentrou-se nos casos de 39 funcionários, 19 dos quais puseram termo à própria vida, 12 que tentaram o suicídio e oito que sofreram de depressão aguda.
Muitos dos trabalhadores, incluindo um que saltou de um quinto andar, em frente a outros colegas, deixaram anotações onde expressavam profunda tristeza derivada do trabalho e afirmavam que a empresa tornara as suas vidas insuportáveis.