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Papa e Guterres juntos. Perante as crises do mundo “não podemos olhar para o lado”

20 dez, 2019 - 14:00 • Filipe d'Avillez

António Guterres sublinhou no Vaticano a sua preocupação com a liberdade religiosa, em particular a sofrida por algumas das comunidades cristãs mais antigas do mundo.

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Encontro de Guterres com Francisco. “Precisamos de fazer mais para combater o ódio crescente”
Encontro de Guterres com Francisco. “Precisamos de fazer mais para combater o ódio crescente”

O Papa Francisco recebeu esta sexta-feira em audiência o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

No final do encontro privado os dois juntaram-se para lerem mensagens que foram filmada se divulgadas pelo Vaticano.

No seu pequeno discurso o Papa passa em revista as principais crises que afetam o mundo, incluindo os que afetam de forma particular a Igreja, deixando claro que “não podemos olhar para o lado”.

“Não podemos, não devemos olhara para o outro lado perante as injustiças, as desigualdades, o escândalo da fome no mundo, da pobreza, das crianças que morrem porque não têm água, comida e cuidados necessários. Não podemos olhara para o lado diante de qualquer tipo de abusos contra os mais pequenos. Devemos, todos juntos, combater esta praga”, afirmou.

“Não podemos permanecer indiferentes quando a dignidade humana é pisada e explorada, diante dos ataques contra a vida humana, seja a que ainda não nasceu, seja a de qualquer pessoa que precisa de cuidados. Não podemos nem devemos olhar para o lado quando em muitas partes do mundo os crentes de diferentes confissões religiosas são perseguidos. Brada aos céus o uso da religião para incitar ao ódio, à violência, à opressão, ao extremismo e ao fanatismo cego”, disse ainda Francisco.

O Papa repetiu a ideia de que não apenas o uso, mas mesmo a posse de armas nucleares é imoral e criticou a corrida aos armamentos e referiu ainda uma preocupação comum a António Guterres, que são as alterações climáticas.

“É necessário reconhecermo-nos membros de uma única humanidade e cuidar da nossa terra que, geração após geração, nos foi confiada por Deus para que a cultivemos e a deixemos em herança aos nossos filhos. O compromisso de reduzir as emissões contaminantes, e por uma ecologia integral, é urgente e necessário. Façamos algo antes que seja tarde de mais”, alertou.

Há cristãos que não podem celebrar o Natal em paz

Na sua resposta às palavras do Papa Francisco, António Guterres sublinhou a dimensão da perseguição religiosa, uma preocupação que já tinha manifestado anteriormente.

“I nosso encontro é particularmente pertinente nesta época de Natal. Este é um tempo de paz e de boa vontade e é com tristeza que vejo que as comunidades cristãs – incluindo algumas das mais antigas do mundo – não podem celebrar o Natal em segurança. Tragicamente, vemos judeus a serem assassinados em sinagogas, as suas lápides vandalizadas com suásticas; muçulmanos mortos a tiro nas mesquitas, os seus locais de culto profanados; cristãos mortos em oração, as suas igrejas incendiadas. Temos de fazer mais para promover a compreensão mútua e o aumento do ódio”, disse o secretário-geral da ONU.

António Guterres agradeceu ao Papa a iniciativa de ter assinado com o grande imã da Universidade de Al-Azhar a declaração sobre a “fraternidade humana pela paz mundial”, que descreve como “muito importante quando vemos ataques tão dramáticos contra a liberdade religiosa e contra a vida dos crentes. A ONU também lançou um Plano de Ação para Salvaguardar os Locais Religiosos e uma estratégia para combater o discurso de ódio”, afirmou.

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