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Márcia: “A minha maneira de escrever é muito interna. Não invento nada”

17 dez, 2019 - 17:55 • Maria João Costa

A celebrar 10 anos de carreira, Márcia sobe esta quarta-feira ao palco do Coliseu de Lisboa, pela primeira vez, a solo.

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Diz que são as pessoas que ouvem a sua música que dão sentido ao que faz. Usa palavras como missão e prazer quando faz um balanço da carreira. Márcia comemora 10 anos de canções com o primeiro concerto a solo no Coliseu de Lisboa. É um “momento muito desejado”, diz a compositora que, em entrevista ao Ensaio Geral da Renascença, fala do seu processo de escrita como algo “muito interno”. Diz que não inventa nada do que canta e é ela que responde diretamente às mensagens dos fãs.

Dez anos de carreira, finalmente, o Coliseu de Lisboa, a solo. Era um concerto muito desejado?

É de facto, um momento muito desejado, uma sala muito desejada pela história toda, pela autenticidade, pelo charme que Coliseu dos Recreios tem.

Sempre sonhaste atuar no Coliseu de Lisboa?

Sempre, sempre, não, porque achava precipitado fazer isto mais cedo. Comecei a sonhar com isto, há coisa de um ano. De facto, o que eu queria mesmo era o Coliseu. Fazer 10 anos de discos, era um bom marco para mim. Já há uma consistência, um percurso para celebrar.

E como será o concerto?

Pensamos num espetáculo que lembrasse aquilo que foi mais importante ou que me fez crescer nos últimos 10 anos. É a minha relação com o público. O público foi de facto, o elemento mais significativo no meu crescimento. São as pessoas que ouvem a minha música que transformam isto tudo que eu faço num grande prazer e até numa missão. Há aqueles dias piores em que uma pessoa se põe em causa e se questiona porque está a fazer canções. De facto, até parece que não é por acaso que as pessoas me mandam mensagem precisamente nesses dias.

Gostas de conversar com o teu público quando estás em palco, mas também gostas de receber o retorno daquilo que a tua música faz nas pessoas?

É um alento. Eu acho que é mesmo uma parte mágica da música. Acho muito generosas as pessoas que mandam essas mensagens. Às vezes há umas que não acreditam mesmo que sou eu que estou a ler, mas sou!

E o que é que o teu publico te diz?

Contam-me histórias do que é que aconteceu, de determinada pessoa que perderam. Depois contam-me como é que certas músicas os ajudaram a ultrapassar determinada fase, ou momento mau. Sei lá, tenho tantas mensagens! São mensagens muito bonitas. Às vezes dão mesmo sentido!

É o resultado direto da tua música?

Eu tento sempre dar uma brecha de luz na letra.

Como no tema "Bom Destino"?

"O Bom Destino" é um bocado essa vontade de te puxar para cima e dizer às vezes, parece que o mundo está todo contra ti, e não. Tenho tantas canções, há outra que é "O Lado Oposto" que é uma música muito importante para mim e incluímos agora no alinhamento do concerto. É uma música muito importante para mim, durante muito tempo só tinha a parte final que é considerado quase um refrão e depois é que eu fiz o verso e diz "Mora dentro de nós uma esperança que dá sentido". Essa música mostra precisamente essa companhia do público que eu às vezes sou. E o público retorna isso para mim e passa a ser a minha companhia.

Já usaste palavras como missão, crescimento, passagem do tempo. Há um lado nestes 10 anos de carreira que é de amadurecimento, não só na música como em ti. Sentes isso?

Sem dúvida que as coisas se acompanham uma à outra. A minha maneira de escrever é muito interna. Não invento nada. Aquilo que eu sinto, depois passa para uma canção. A vida vai-se desenvolvendo e nós vamos crescendo. Eu tenho a sorte da minha vida crescer pessoalmente para o lado da felicidade. É uma coisa que eu prezo bastante. O facto de eu passar a sentir-me bem em palco e amar o ato de cantar em público, esse crescimento, deve-se ao carinho de toda a gente que ouve a minha música.

Terminamos esta conversa no Ensaio Geral com um tema que nos oferece. O que vais tocar?

Vou tocar o "Amor Conforme", é uma das canções que eu mais gostei da incluir neste último disco, o "Vai e Vem", porque é um disco muito feminino e de superação. É uma canção em que imaginava uma mulher que sentia esta coisa triste de ser deixada. Ela não sabe se está a ser deixada, mas é a espera. Essa angústia é tão grande que ela pensa: "E se eu mandasse tudo ao ar e me fosse embora?" Então entra num sonho e espero traduzir isso no vídeo que fiz.

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