17 dez, 2019 - 18:26
As manifestações em França contra a proposta de reforma do sistema de pensões juntaram, esta terça-feira à tarde, mais de 250 mil pessoas em 50 cidades, mas os sindicatos dizem esperar que o número aumente até final do dia. A contabilização dos manifestantes, avançada pela polícia e por câmaras municipais, fica, no entanto, muito aquém das duas anteriores manifestações contra a reforma do sistema de pensões, já que no primeiro dia (a 5 de dezembro) se juntaram 800 mil pessoas e no segundo (11 de dezembro) foram contabilizados 340 mil manifestantes.
Ainda assim, a greve geral convocada para hoje por todos os sindicatos conseguiu fechar escolas, pôr hospitais a funcionar a meio gás e manter os transportes públicos paralisados.
A contestação à proposta de reforma do sistema de pensões tem aumentado nas últimas duas semanas, com a pressão sobre o Governo e o Presidente a crescer.
Na segunda-feira, o alto-comissário francês que idealizou a reforma do sistema, Jean-Paul Delevoye, demitiu-se na sequência de acusações de conflito de interesses por ter omitido outras funções que acumulava. De acordo com a imprensa francesa, Delevoye “esqueceu-se” de incluir na sua declaração de interesses apresentada à Alta Autoridade para a Transparência da Vida Política que é administrador do principal Instituto de Formação na área das seguradoras, setor que elogiou a reforma das pensões por si arquitetada.
A reforma do sistema de pensões tornou-se um "projeto-emblema" do Presidente francês, Emmanuel Macron, apesar de criticada pelos sindicatos de todos os setores.
A reforma, inicialmente apresentada em julho deste ano, tem como principal intuito criar um sistema universal de pensões – já que existem atualmente 42 sistemas diferentes, vários dos quais representam regimes especiais que permitem, por exemplo, deixar de trabalhar mais cedo.
A manifestação está a ser “um grande sucesso”, considerou Philippe Martinez, líder do sindicato CGT, que exige – em conjunto com outros quatro sindicatos – a retirada definitiva do projeto.
O primeiro-ministro, Édouard Philippe, reafirmou, no entanto, a sua “total determinação” em realizar a reforma. “A minha determinação e a do Governo é absoluta” relativamente à “criação de um regime universal [de pensões] e a fazer prevalecer o equilíbrio do sistema futuro e a restauração do equilíbrio do sistema atual”, garantiu hoje aos deputados.
Édouard Philippe irá receber os sindicatos na quarta e na quinta-feira, sendo que os dirigentes sindicais vão reunir-se hoje à noite para decidir o que pretendem fazer a seguir para protestar contra o projeto.