Tempo
|
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

​Notícias da guerra comercial

16 dez, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A guerra comercial dos EUA com a China anda aos zig-zags. E Trump cortou as pernas à OMC. Mas já é claro que o protecionismo não trouxe à economia americana muitos dos benefícios anunciados.

Há poucas semana atrás, Trump afirmou que um acordo comercial com a China poderá acontecer apenas depois das eleições presidenciais americanas, em novembro de 2020, apesar de - dizia ele - os governantes chineses estarem ansiosos por um tal acordo. Há três dias, Trump escreveu num “tweet” que estaria iminente um “grande acordo” comercial com a China. “Eles (os chineses) querem-no e nós também”. Uma novidade, o interesse de Trump em chegar a acordo.

É positiva esta pausa na guerra comercial entre os EUA e a China – mas não se trata propriamente de um grande acordo. É um acordo parcial, que impede a imposição, por Washington, de direitos alfandegários adicionais sobre 160 mil milhões de dólares de importações vindas da China (“smartphones”, jogos em vídeo, roupas desportivas, etc.). Em contrapartida, a China promete comprar cerca de 200 mil milhões de bens aos EUA.

Não é saudável esta volatilidade das posições americanas – isto é, do presidente –, que provoca enorme incerteza nos mercados e retrai investimentos. Por exemplo, em outubro Trump anunciou que Pequim e Washington tinham concordado quanto a uma primeira fase de um acordo – mas nada aconteceu depois. Até agora.

Um facto positivo foi Trump ter negociado com congressistas do partido democrático a aprovação do novo acordo dos EUA com o Canadá e o México, substituindo a Nafta. Mas do lado negativo emergiu recentemente um dado preocupante: Trump, que detesta organizações multilaterais, está a cortar as pernas à Organização Mundial do Comércio, ao impedir a ida para os tribunais da OMC de novos juízes para dirimirem conflitos comerciais.

Assim se instaura a lei da selva no comércio internacional, ambiente onde Trump se sente bem, pois o seu país é o mais poderoso. O novo comissário europeu desta área, o irlandês Phil Hogan, está a preparar a UE com novas leis, suscetíveis de compensar, em parte, esta paralisação da OMC (permitindo, por exemplo, que a UE possa impor retaliações comerciais sem passar pela OMC).

Por outro lado, já é patente que o protecionismo de Trump não trouxe à economia americana muitos dos benefícios que eram anunciados. Os consumidores americanos sentem que pagam mais caro o que compram. Na agricultura dos EUA e em certas indústrias, como o fabrico de automóveis, reina uma certa desilusão com o protecionismo. O que não surpreende, numa economia cada vez mais internacionalmente ligada.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Diogo Pinto
    16 dez, 2019 V.N.Gaia 11:16
    Sr. Dr. Sarsfield Cabral : - não entendo á sua antipatia para Donald Trump . Primeiro , parece-me que o senhor estará mal informado no que diz respeito ao que são trocas comerciais . Repare que uma troca comercial , em concreto entre os U.S.A. e á República Popular da China , pode não envolver qualquer envolvimento financeiro . Se você reparar , são países com ideologias politicas e de organização diferentes . O que para os U.S.A. é considerado emprego , na China é conhecimento . Por tudo isto , é possível constatar que o que se realiza no Ocidente pode ser um upgrade de conhecimento para o país Asiático . Em relação , ao seu discurso , relativamente aos videojogos , smartphones e demais informática , pode acreditar que os U.S.A. nada tem de vantagem sobre o que é realizado , quer seja na China ou em outro qualquer país do mundo ! Em vez de se preocupar com as taxas de câmbio , deveria preocupar-se com quantos ovos se pode fazer uma omelete , e , como você sabe , sem omeletes não se fazem ovos ! Tenha um bom dia e , desculpe , mas deixe de delirar com Donald Jr. Trump . Acredite que tal seria benéfico para si e para os leitores da sua coluna de opinião !