11 dez, 2019 - 21:04 • José Pedro Frazão em Madrid
A estratégia é seguir o rumo, apertar a exigência das metas e deixar que o setor privado faça o seu caminho. A neutralidade carbónica em 2050 em Portugal vai ser conquistada maioritariamente pelas acções das empresas e das famílias ao longo de três décadas, num valor global de mais de um bilião de euros.
O Governo acredita que a maior parte do investimento - cerca de 930 mil milhões de euros - resultará da "dinâmica normal de modernização da economia, catalisada pelas políticas em curso para assegurar o funcionamento do sistema energético". A medida foi reafirmada pelo ministro do Ambiente e da Acção Climática, num evento organizado no âmbito da Conferência do Clima em Madrid.
As projecções do Roteiro finalizado em junho e apresentado no último trimestre do ano implicam um investimento adicional de 85 mil milhões de euros entre 2016 e 2050. O envelope financeiro implica um esforço anual de 2,1 a 2,5 mil milhões de euros, correspondente a 1,2% do produto interno bruto (PIB).
O ministro do Ambiente assegura que esse é o custo de corrigir a tendência atual de redução de 60% de emissões em 2050 para 85%, valor considerado mínimo para a neutralidade carbónica daqui a 30 anos.
"Estimamos que 80 a 85% do investimento seja feito pelas famílias e 15% pelo Estado. O Estado tem um investimento expressivo. Tem muitos imóveis que tem que tornar energeticamente neutros, mas tem também um investimento externo no domínio da mobilidade e dos transportes. No mais serão mesmo investimentos dos particulares", explica Matos Fernandes à Renascença.
O Governo conta com a compra de eletrodomésticos eficientes, automóveis elétricos ou isolamentos nas habitações como previsíveis investimentos das famílias. No caso das empresas, os gastos serão em tese direccionados para energias renováveis, camiões a hidrogénio, fornos e caldeiras elétricos, de acordo com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica
Tal como estava previsto no Programa de Governo, vai avançar um "banco verde" para garantir financiamento na área ambiental e da economia circular no sistema financeiro. Este é um dos eixos da aposta do Executivo na área do chamado "financiamento sustentável" para conseguir alcançar a neutralidade carbónica.
As restantes medidas passam pelo desenvolvimento de uma estratégia nacional para o financiamento sustentável, o estabelecimento de um enquadramento fiscal que leve à criação de "produtos financeiros verdes atrativos", a emissão de "obrigações verdes" e a definição de critérios mínimos de "descarbonização" e eficiência de recursos como condição para receber fundos públicos.
COP25
O ministro do Ambiente recusa falar em custos para(...)