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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A UE e o diálogo com a Rússia

11 dez, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Macron quer relançar o diálogo europeu com a Rússia. Mas terá de atender aos compreensíveis receios da Polónia e dos bálticos em relação a Putin.

Na passada segunda-feira o Presidente Macron juntou, em Paris, o presidente da Ucrânia, Zelensky, o Presidente da Rússia, Putin, e Angela Merkel, chanceler alemã. Foi o primeiro encontro entre Zelensksy e Putin.

A iniciativa de Macron é coerente com a sua proposta de melhorar as relações da UE com a Rússia. E envolveu Merkel nesta iniciativa, para lhe dar um carácter europeu e não apenas francês.

Os resultados deste encontro foram modestos, como era de prever. Mas não foram nulos: o mais importante foi manter o diálogo com a Rússia. Houve pequenos avanços. Por exemplo, terá sido concluído um acordo entre a Rússia e a Ucrânia sobre a passagem do gás russo no território ucraniano – algo que a UE estava a apoiar, mas que há meses se encontrava paralisado. Também foi acordada uma nova troca de prisioneiros.

Zelensky, o ator que foi eleito presidente, quer acabar com a guerra ainda em curso no Leste da Ucrânia, na qual participam “voluntários” russos e que já provocou mais de 13 mil mortos. Mas Zelensky não pode fazer grandes concessões – o simples facto de ir a Paris dialogar com Putin foi severamente criticado no seu país, nomeadamente pelo anterior presidente Poroshenko, que ele derrotou nas urnas.

Também Macron, nas suas tentativas de melhorar as relações com Putin, terá de atender aos receios que se levantam na Polónia e nos países bálticos em relação à agressividade russa – bem clara na anexação da Crimeia e nas revoltas que Putin patrocinou e ajudou no Leste da Ucrânia. O novo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, esclareceu não haver qualquer intenção da UE de levantar, agora, sanções à Rússia. Tal só acontecerá quando Moscovo concretizar algumas medidas concretas de paz.

As posições políticas de fundo de Putin e de Zelensky mantém-se inconciliáveis. Mas, desde que se caminhe com muito cuidado, é positivo que Macron e Merkel mantenham abertas as portas do diálogo com a Rússia.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

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