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China. Há uma criança de oito anos a dar aulas online de programação

10 dez, 2019 - 15:37 • Redação

Para Vita, “programar é um desafio a longo termo”.

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Vita, uma criança chinesa de oito anos, está a dar aulas de programação online desde agosto e já tem cerca de 60 mil seguidores e mais de um milhão de visualizações. O fenómeno de Vita é reflexo da prioridade que Pequim dá à formação dos jovens nesta área. Só em 2017 o valor do mercado chinês para o ensino de programação às crianças foi de 7.5 mil milhões de yuan (cerca de 962 milhões de euros), mas espera-se que exceda os 37.7 mil milhões de yuan (mais de 4 mil milhões de euros) em 2020, de acordo com a empresa chinesa Analysys.

“Programar não é muito fácil, mas também não é difícil. Pelo menos, não é tão difícil como se imagina”, disse Vita à agência de notícias francesa “Agence France-Presse” (AFP).

O rapaz usa o canal para explicar passo a passo aos seus alunos, que são maioritariamente crianças mais velhas do que ele e jovens adultos, a aplicação de programação da Apple “Swift Playgrounds”.

O pai de Vita, Zhou Ziheng, é tradutor freelancer de livros científicos e de tecnologia e começou a ensinar o seu filho a programar quando ele tinha cinco anos. Este verão, Vita surpreendeu o pai reescrevendo de forma bem sucedida os códigos de uma app que não estava a funcionar.

“Eu sugeri que ele se filmasse a reescrever estes códigos”, disse Zhou. E assim nasceu a ideia de aulas online.

A China tem feito grandes investimentos na robótica e na inteligência artificial (IA). Em 2017 o Governo emitiu um plano de desenvolvimento de IA que sugere a criação de cursos de programação nas escolas primárias e secundárias.

No ano passado a China publicou o primeiro manual de inteligência artificial enquanto Zhejiang, uma província oriental da República Popular da China, escolheu programação como uma das disciplinas para os exames de entrada nas faculdades.

Em novembro o jovem Vita participou numa competição de programação para alunos do 1º ciclo, realizada pela Shanghai Computer Industry Association. Passou dois meses a aprender a linguagem de programação C++ para a competição, com a ajuda do pai, conseguindo ir até às finais, apesar de ser o mais novo dos participantes.

Zhou Ziheng quer que o filho mantenha os pés assentes na terra e, por isso, conta que lhe disse que “ainda não fizeste nada de extraordinário”.

“É apenas um passo na sua aprendizagem de programação”, acrescentou Ziheng.

Vita diz estar feliz por ter fãs e seguidores. A maioria dos comentários nos seus vídeos expressam espanto por ele conseguir programar e até ensinar os outros, apesar de ser tão jovem.

“Eu só aprendi a usar o computador quando tinha oito anos”, comenta uma pessoa.

Para o jovem de oito anos, que vive em Xangai, “programar é um desafio a longo termo”.

Literacia tecnológica

Muitos pais não têm as capacidades para ensinar as crianças a programar, mas também para estas famílias há soluções. Podem enviá-las para instituições extra curriculares, que estão a crescer exponencialmente para responder à procura das famílias chinesas de classe média.

“A educação chinesa na área da programação nas escolas públicas começa muito tarde (comparado com os países desenvolvidos), por isso as nossas empresas colmatam esta carência”, disse Pan Gongbo, manager do centro de educação de programação “Tongcheng Tongmei”, sediada em Beijing. O aluno mais novo desta escola tem três anos.

“Não substimem a rapidez de aprendizagem de uma criança. Em alguns cursos, elas aprendem ainda mais rápido que os nossos adultos”, comentou Gongbo.

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