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Jornadas PCP em Évora

Espírito Santo, o hospital onde há "um gastroenterologista para cem mil habitantes"

06 dez, 2019 - 12:55 • Susana Madureira Martins

No segundo dia de jornadas parlamentares em Évora, os comunistas visitaram o hospital central do distrito e ouviram muitas críticas à falta de especialistas. Deputados vão apresentar iniciativas para fixação de profissionais nos hospitais do interior.

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Uma das primeiras paragens da visita dos deputados comunistas ao Hospital do Espírito Santo, em pleno centro de Évora foi o Centro de Responsabilidade Integrada Cardiovascular, onde um jovem e enérgico diretor de serviço mostrou as instalações e explicou as valências daquela unidade.

Foi só passar uma porta de vidro, dar de caras com o diretor de serviço de gastroenterologia deste hospital para os deputados do PCP ouvirem um "querem que diga bem ou querem que diga mal do Serviço Nacional de Saúde?". Rogério Godinho nem esperou pela resposta e teceu logo ali o cenário de dificuldades que vive todos os dias.

No hospital de Évora existem cinco gastroenterologistas que servem todo o Alentejo, "é um médico para 100 mil habitantes", diz o diretor, que acrescenta que "desde Nisa a São Teotónio qualquer pessoa que dê um arroto vem à consulta de gastro a Évora, o que não é fácil sequer em termos de transportes, porque as próprias vias de comunicação não estão direcionadas para Évora".

"Desde Nisa a São Teotónio qualquer pessoa que dê um arroto vem à consulta de gastro a Évora"

Tudo o que é de consulta de gastroenterologia na região passa por Évora, populações do litoral alentejano incluídas. Rogério Godinho explica que "alguém que está em Alcácer do Sal não faz sentido vir a Évora, faz mais sentido ir à consulta a Setúbal, o mesmo se passa em Nisa o mesmo se passa em Santiago do Cacém".

Só que não, para desconsolo do director de serviço que desabafa que "está constantemente em falha". São os custos do interior, explica este especialista, porque "é difícil encontrar gastroenterologistas e fixá-los aqui porque as políticas dos últimos anos têm sido de abrir a medicina à medicina privada e torna-se mais atrativo para um jovem que se forme ficar em Lisboa".

No fundo, explica o médico, o Hospital do Espírito Santo faz o trabalho de um hospital central e o trabalho dos hospitais de proximidade, com o pessoal médico a pedir que Évora pudesse ficar reservado para o que fosse verdadeiramente diferenciado e mais complicado.

PCP apresenta iniciativas para fixar profissionais de saúde no interior

A visita dos deputados comunistas aos dois edifícios do hospital de Évora tinha o objetivo final de anunciar uma iniciativa legislativa para tentar fixar profissionais de saúde no interior.

O líder parlamentar do PCP começou por dizer que a "construção do novo hospital central que sirva todo o Alentejo é uma necessidade absoluta", a intenção é que "entre em obra em 2020 porque essa é verdadeiramente a garantia de que o processo é irreversível para que em 2023" exista "um novo hospital".

Mas, se "o problema de Évora é grave", João Oliveira conclui que "o problema dos outros hospitais do Alentejo ainda é maior, porque não se consegue fixar profissionais no interior do país e isso passa por medidas de incentivo aos profissionais".

João Oliveira anuncia a apresentação de iniciativas que possam ir ao encontro da "fixação de médicos, enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica", porque os comunistas não prescindem "do reforço do SNS por contraponto ao negócio da doença".

E conclui o líder parlamentar que "os milhares de doentes que são atendidos no hospital de Évora não têm alternativa, são pessoas que não têm condições para recorrer ao privado e que ficam sem cuidados de saúde".

Esta deverá ser, de resto, uma das iniciativas legislativas a apresentar esta sexta-feira na conferência de imprensa de encerramento das jornadas parlamentares do PCP.

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