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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Um país de microempresas

30 nov, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


É preciso subir os salários dos portugueses. Um obstáculo a essa desejável evolução está na muito pequena dimensão da grande maioria das empresas nacionais.

Diz-se que Portugal é um país de PME – pequenas e médias empresas. Seria mais verdadeiro dizer que é um país de pequenas e muito pequenas empresas. Portugal é o segundo país da UE (o primeiro é Itália) onde as pequenas empresas têm maior peso.

Num total de cerca de 833 mil PME existentes na economia portuguesa, nada menos de 99,3% são microempresas, com menos de dez pessoas a trabalharem. Médias empresas são poucas, e grandes empresas ainda menos, apenas 0,1% empregam mais de 250 trabalhadores.

Estes números não são bons, mas também não são assustadores. No conjunto da UE a grande maioria das PME, 93%, emprega menos de dez pessoas.

As novas tecnologias, se por um lado levam a que surjam empresas gigantescas e quase monopolistas – Google, Amazon, Facebook, etc. –, por outro lado incitam muitas pessoas, individualmente ou com dois ou três amigos, a lançarem novas empresas tecnológicas.

Também entre nós isso acontece, embora ainda em grau moderado. Há em Portugal microempresas de alta tecnologia, mas por enquanto são uma pequena minoria, rodeada de milhares de microempresas de restauração, mercearia, pequenos arranjos domésticos, etc.

Em Portugal, existem perto de 7 mil filiais de empresas estrangeiras. As quais, em média, pagam melhor (mais 395 euros de salário mensal) e empregam mais trabalhadores (cerca de meio milhão, no total) do que a grande maioria das empresas nacionais. De um modo geral, são empresas que valorizam a nossa economia.

É indispensável que os salários dos portugueses subam. E que menos pessoas qualificadas emigrem, por não encontrarem no país empregos compatíveis com as suas qualificações. Veja-se a quantidade de doutorados em Portugal que só no estrangeiro encontram condignas oportunidades profissionais.

Para que esta situação seja ultrapassada importa que os governos encarem com menos hostilidade as empresas privadas. Naturalmente que seria uma ilusão esperar uma atitude dessas da parte de políticos e partidos de inspiração marxista – para os quais os trabalhadores por conta de outrem sofrem necessariamente de um roubo da parte dos patrões, que se apropriam do que eles designam de “mais valias”.

O capitalismo tem muitos defeitos, que importa corrigir, sem dúvida. Mas não se conhece regime alternativo mais capaz de criar riqueza. Um facto que o PS e o seu governo nem sempre têm presente.

Comentários
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  • Amora Bruegas
    02 dez, 2019 15:40
    De facto, somos um país de microempresas, infelizmente! sabers porquê? Graças aos comunistas e ao teu camarada, MSoares, porque com a data da perfídia, DESTRUIRAM as grandes empresas, os grupos económicos, em virtude de inveja/ódio ao capital. E que tem feito uma parte significativa dos dirigentes da Igreja Católica? colaborar com esses traidores, nomeadamente pelo branqueamento do passado de destruição.
  • Cidadao
    30 nov, 2019 Lisboa 17:24
    Viu-se os aumentos salariais que houve quando os impostos às empresas desceram: o patronato manteve os preços e os salários e o remanescente apenas engrossou os lucros. É como funciona o Patronato por cá. É urgente que os salários, principalmente de pessoas qualificadas, subam? plenamente de acordo. Mas eles não sobem, não por qualquer "ódio" ou "hostilidade ideológica" à iniciativa privada. Não sobem porque o Patronato embora diga o contrário, continua agarrado à ideia que só podemos ser competitivos com "salários de terceiro Mundo". O pior é que estamos na Europa e aqui os preços são europeus