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Itália desmantela grupo nazi com ligações a Mário Machado

28 nov, 2019 - 20:30 • Redação com Reuters

Grupo mantinha um enorme arsenal de armas, incluindo mísseis e espingardas, e planeava criar um novo partido nazi. Sob a lei italiana, é ilegal a "defesa do fascismo", bem como quaisquer esforços para reavivar partidos fascistas.

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Itália desmantela rede neonazi com ligações a Mário Machado
Itália desmantela rede neonazi com ligações a Mário Machado

As autoridades italianas anunciaram, esta quinta-feira, que desmantelaram um grupo criminoso que planeava criar um novo partido nazi, transnacional.

Este movimento tinha ligações estreitas ao português Mário Machado, ex-líder do grupo Hammerskins (extrema-direita), condenado várias vezes por crimes de ódio racial.

Agentes da polícia de diversas cidades italianas, de norte a sul do país, participaram na investigação, que foi iniciada há dois anos. Durante as buscas foi confiscado um arsenal de armamento.

Durante o inquérito, as autoridades descobriram "vários indivíduos, residentes em diferentes locais, unidos pelo mesmo fanatismo ideológico e empenhados em criar um movimento abertamente pró-nazi, xenófobo e antissemita", informou a polícia italiana, em comunicado.

As autoridades não avançaram ainda quantas pessoas estavam filiadas ao grupo, nem quantos suspeitos foram detidos no âmbito. O partido que o grupo pretendia criar tinha como nome o Partido Nacional Socialista Italiano dos Trabalhadores.

Em julho passado, as autoridades já tinham encontrado um enorme depósito de armas ligado aos extremistas, incluindo mísseis ar-ar.

Já neste mês de novembro, dois homens ligados a um outro grupo de simpatizantes nazis foram detidos, em Itália, sob suspeita de planearem um ataque a uma mesquita.

No final das buscas a 19 propriedades, a polícia partilhou imagens da parafernália nazi confiscada, incluindo cruzes suásticas e fotos de Adolf Hitler, e do arsenal considerável, que incluía pistolas, espingardas de caça e bestas.

Esta mega investigação revelou que os acusados – que, por diversas vezes, alegaram estar na posse de armas e explosivos - definiram a estrutura interna e territorial do movimento, criaram o símbolo e delinearam o programa declaradamente antissemita, tendo também realizado atividades de recrutamento e incentivo a esta ideologia, publicando conteúdos nas redes sociais.

Também foi criado um grupo fechado na rede social “Whatsapp”, chamado "Milícia", destinado ao treino dos "militantes" da organização.

Para além de se ter espalhado por toda a Itália, foram encontrados indícios de que a organização tentou parcerias em vários circuitos internacionais, tendo iniciado contactos com organizações relevantes neste âmbito, como a Aryan Withe Machine - C18 e o grupo português Nova Ordem Social, liderado por Mário Machado, entretanto suspenso por, segundo o próprio, não ter encontrado ninguém para o substituir na liderança.

Uma ligação que se estreitou na ocasião da “Conferência Nacionalista”, que se realizou em agosto de 2019, em Lisboa, que tinha como objetivo criar uma aliança transnacional neonazi, nomeadamente, entre França, Itália, Espanha e Portugal.

Nesta conferência, foram proferidos diversos discursos de ódio, nomeadamente, em relação a judeus saudados com a saudação nazi por vários membros da plateia.

A polícia italiana suspeita que a líder da organização criminosa desmantelada seja uma mulher, de 50 anos, residente em Pádua, no norte da Itália, que trabalha na administração pública e não possui antecedentes criminais.

Segundo a polícia, era conhecida por "Sargento Hitler", tendo sido encontrado material antissemita na sua residência.

Em Itália, é ilegal a "defesa do fascismo" e quaisquer esforços para reavivar partidos fascistas.

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