25 nov, 2019 - 13:00 • Manuela Pires , com sonorização de André Peralta
O ano passado um grupo de alunos do Conservatório Nacional de Lisboa esteve em Weimar na Alemanha, Trento, Itália e em Murcia, Espanha. Durante uma semana viveram em casa dos colegas desses países, tiveram as mesmas aulas e ainda uma aula de instrumento. Para todos, sem excepção, foi uma semana inesquecível, de convívio e de muitas aprendizagens.
O Musintegraction integra quatro conservatórios e três escolas de música do ensino secundário de quatro países: Alemanha, Espanha, Itália e Portugal. A ideia partiu do conservatório de música de Murcia que coordena este projecto europeu co financiado pelo Erasmus+. O objetivo é contribuir para a transformação destas escolas que tem ensino integrado de música e garantir que continuam a ter um papel de divulgadoras do património cultural europeu.
O musintegration, um acrónimo constituído pelas palavras música, integração e acção foi criado em setembro de 2018 e tem a duração de dois anos. Envolve directamente 70 alunos e 90 professores das 7 escolas envolvidas.
O Conservatório Nacional de Lisboa foi escolhido para integrar este projecto porque das sete escolas, é a única que tem o ensino totalmente integrado da música. Cristina Duarte, da direcção do conservatório destaca a mobilidade dos professores que permite a troca de experiências, “nos encontros comparamos modelos curriculares e o funcionamento das escolas”. E depois desse intercâmbio chegou à conclusão que “nós temos uma organização aqui no conservatório que os outros gostariam de ter. Por exemplo aqui a música tem um peso muito grande no currículo. Nos outros países o currículo no secundário não se distingue de uma escola regular e deixa menos tempo para o instrumento”.
“Os alemães têm muita técnica mas nós aqui estamos num nível superior”
Os professores ficam a conhecer como funcionam as escolas de música de outros países e os alunos assistem a todas as aulas, têm ainda uma aula de instrumento e ficam a conhecer a região. Ricardo Mateus, professor de violeta, é o coordenador do projecto em Portugal diz que os “alunos vêm muito entusiasmados pela aprendizagem musical com um professor diferente. No início podem ter reservas por causa da língua, mas a música funciona como uma linguagem universal”.
Os alunos são entregues à família de um dos colegas. Marta Fonseca tem 16 anos, esteve uma semana em Trento, Itália, mas vai ficar para sempre ligada ao projecto porque foi ela que fez o logotipo do musintegraction, um planeta feito de triângulos onde na linha do equador há instrumentos e notas musicais “a separação da terra por triângulos representa as diferentes culturas”.
Mara Anjos toca clarinete e da escola de Trento trouxe um método diferente para tocar o seu instrumento “aprendi muito e vou usar alguns dos ensinamentos que trouxe”.
Leonor Vasconcelos tem 16 anos, estuda canto, esteve uma semana em Murcia. Encontrou muitas diferenças, a principal são as instalações porque no que toca ao ensino da música, o conservatório de Lisboa é o melhor de todos “os alemães têm muita técnica mas nós aqui estamos noutro nível”. Inês Kosters acrescenta que no conservatório “há um grande rigor de trabalho e aqui a disciplina principal é a música”.
Inês Kosters está no conservatório desde os 9 anos de idade, o seu instrumento é o Oboé. A participação no Musintegraction é mais uma oportunidade para conhecer outras culturas e outros professores, porque para ela o futuro não passa por Portugal “já estive em Haia e em Bruxelas onde tive aulas com professores. A partir de uma certa idade esta experiência faz parte da nossa rotina”.
Todas elas, sem excepção, querem depois de concluído o conservatório estudar no estrangeiro. O Musintegraction foi assim o primeiro passo.