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Chefe de gabinete do primeiro-ministro de Malta demite-se por alegadas ligações a homicídio de jornalista

26 nov, 2019 - 14:50 • Redação

Dois ministros também abandonaram o Governo na sequência dos últimos desenvolvimentos da investigação ao assassinato da joirnalista de investigação Daphne Caruana Galizia.

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O chefe de gabinete do primeiro-ministro de Malta, Keith Schembri, demitiu-se por alegadas ligações ao homicídio da jornalista Daphne Caruana Galizia, em 2017, que investigava casos de corrupção na elite política e empresarial do país, no âmbito dos “Papéis do Panamá”. Dois ministros também abandonaram o Governo.

Keith Schembri, que estava no cargo desde desde 2013, foi mencionado na investigação policial pelas suas ligações ao empresário Yorgen Fenech, detido na semana passada enquanto abandonava Malta no seu iate e considerado pela família da jornalista e por alguns meios de comunicação social malteses como um dos mandantes do crime.

Yorgen Fenech é diretor e coproprietário da Electrogás, que ganhou em 2013 um concurso de vários milhões de euros aberto pelo Estado de Malta para a construção da maior central elétrica de gás da administração do primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat.

Oito meses antes da sua morte, Daphne Caruana Galizia escreveu no seu blogue sobre uma empresa cuja propriedade é atribuída a Yorgen Fenech, chamada 17 Black, afirmando que tinha ligações a políticos malteses.

Um dos três filhos da jornalista já comentou na rede social Twitter este acontecimento. Andrew Caruana Galizia escreveu que “se o Partido Trabalhista a tivesse ouvido, não há dúvidas de que ainda estaria viva”.

O chefe de gabinete demissionário, Keith Schembri, até ao momento, não fez qualquer comentário. A polícia realizou buscas na sua casa, esta terça-feira.

Já o primeiro-ministro maltês realizou uma conferência de imprensa em que confirmou que o seu chefe de gabinete “iria abandonar o seu cargo”.

Muscat foi também questionado sobre se manteria o seu cargo, respondendo: “Eu sempre disse que não tenho intenções de me voltar a candidatar. Não tenho intenções de cumprir mais do que dois mandatos. O meu papel agora é garantir que navegamos durante este tempo turbulento da melhor maneira possível. Uma vez fechado este capítulo com o julgamento da pessoa ou pessoas, eu farei a minha análise.”

O ministro do Turismo, Konrad Mizzi, anunciou entretanto a demissão, enquanto o ministro da Economia, Christian Cardona, suspendeu o seu mandato até que a investigação esteja concluída.

Os dois governantes negam qualquer envolvimento no assassinado de Caruana Galizia. Christian Cardona foi interrogado pela polícia no passado sábado.

Caruana Galizia, uma das melhores jornalistas de investigação maltesa, foi morta após a explosão de uma bomba quando saía de casa no dia 16 de outubro de 2017.

A jornalista investigava na altura vários políticos malteses, incluindo o primeiro-ministro e a mulher, no âmbito dos “Papéis do Panamá”, que mostraram como centenas de políticos, empresários e celebridades utilizaram paraísos fiscais para evasão fiscal, lavagem de dinheiro e transações ilegais.

Três homens esperam o julgamento por fazer explodir a bomba, enquanto a polícia continua a sua investigação sobre quem pediu o homicídio.

O caso conheceu novos desenvolvimentos na sequência de um perdão presidencial a Melvin Theuma, suspeito de ser um dos intermediários no crime, em troca de informações que levem à detenção dos responsáveis pela morte da jornalista.

[notícia atualizada às 20h30]

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