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Colômbia. Em véspera de greve geral, Governo fecha fronteiras e impõe recolher obrigatório

20 nov, 2019 - 15:28 • Redação

Face à instabilidade política na região e ao aumento da tensão nas manifestações das últimas semanas no país, o Presidente, Iván Duque, decretou medidas de segurança adicionais.

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O Governo colombiano anunciou um pacote de medidas de segurança em que se inclui o encerramento das fronteiras do país, devido aos sucessivos protestos que têm vindo a acontecer nas últimas semanas e à greve geral marcada para esta quinta-feira, dia 21 de novembro.

Numa altura em que a América do Sul vive uma onda de manifestações em massa, espera-se a adesão de dezenas de milhares de participantes à paralisação, unidos contra o Governo de direita do Presidente, Iván Duque, cuja popularidade tem vindo a diminuir desde que assumiu o cargo, em agosto deste ano.

Entre os argumentos dos manifestantes que têm aderido às marchas contam-se o combate a medidas de austeridade propostas pelo Governo e também à corrupção endémica no país, a par de sucessivos assassinatos de indígenas e ativistas, cuja responsabilidade moral é atribuída ao Presidente colombiano.

Também a turbulência política sentida em toda a região inflama o tom da contestação. No Chile, os protestos contra o Governo, que no espaço de um mês provocaram mais de 20 mortos, só acalmaram com o anúncio de um referendo sobre a Constituição do país para substituir a atual Magna Carta, que foi aprovada pelo regime ditatorial de Augusto Pinochet e que continua em vigor até hoje.

A Bolívia atravessa um momento de grande instabilidade, com o afastamento de Evo Morales e o futuro do país em aberto. Também o Presidente do Equador, Lenín Moreno, tem sido contestado e forçado a recuar nas medidas de austeridade propostas, enquanto a Venezuela continua em colapso económico e a braços com uma onda de violência sem fim à vista.

Face aos contínuos protestos na Colômbia, o Presidente decidiu na segunda-feira decretar uma série de medidas preventivas. Para além do fecho das fronteiras até à manhã de sexta-feira, dia 22 de novembro, Iván Duque proibiu a venda de álcool e ordenou às autoridades de segurança que imponham recolher obrigatório.

Como medidas, por agora, preventivas, é possível ver em Bogotá, na capital do país, agentes da polícia de choque perto das universidades e muitas empresas e escolas estarão fechadas no dia da manifestação geral. Esta terça-feira, dia 19, a polícia revistou 27 casas de pessoas que acredita estarem envolvidas na organização dos protestos.

Citado pela imprensa internacional, Sergio Guzmám, diretor da empresa Colombia Risk Analysis, afirmou que o Governo está sobretudo preocupado com o facto de a massa de manifestantes ser heterogénea, com os protestos a reunirem sindicatos, estudantes e povos indígenas.

Nancy Patricia Gutiérrez, ministra do Interior, disse, recentemente, aos jornalistas que alguns dos motivos por trás da greve geral são "falsos".

Após décadas em conflito civil, a Colômbia esteve, durante os últimos anos, entre os países mais estáveis da América Latina, sobretudo devido ao medo dos cidadãos de ao aderirem a manifestações serem associados à esquerda radical ou vistos como simpatizantes dos movimentos rebeldes como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

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