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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Vinte anos do euro

19 nov, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O euro aguentou várias crises, muito graças ao BCE. Mas as reformas do euro têm de ser completadas. Quanto a Portugal, ficar fora do euro para desvalorizar sucessivamente o escudo teria sido auto condenarmo-nos ao subdesenvolvimento.

A moeda única europeia faz em breve vinte anos. Muitos, sobretudo nos Estados Unidos, previam-lhe uma vida mais curta. Enganaram-se, sobretudo graças ao BCE de Draghi.

Mas a manutenção do euro necessita de algumas reformas na sua arquitetura. Como é bem sabido, a Alemanha não tem mostrado grande vontade em completar a união bancária. Mas esperemos que os alemães percebam que o euro tem favorecido a competitividade das suas exportações.

Também importa evitar que o euro seja um fator de convergência e não de divergência entre as economias da zona. A UE não é um super-Estado federal, contra o que alguns pensam. Por isso não deve ser uma “união de transferências financeiras” entre ricos e menos ricos.

Mas é possível e desejável avançar na formação de um Fundo Monetário Europeu, como referiu recentemente Carlos Costa, governador do Banco de Portugal. E a coordenação de políticas económicas dos países do euro terá de passar do papel dos tratados para a vida real.

Quanto a Portugal, a alternativa ao euro seria prosseguir a política de sucessivas desvalorizações cambiais do escudo para permanecer internacionalmente competitivo. Só que, como vimos durante décadas, desvalorizar a moeda é transmitir sinais errados aos empresários (que abdicam de lutar pela competitividade) e empobrecer o país.

Talvez Portugal tenha entrado no euro, logo no início, com um câmbio porventura um pouco alto demais. Mas tal não impediu um notável surto exportador português nos anos recentes. A “bengala” da desvalorização cambial seria, no fundo, uma confissão de derrota.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

Comentários
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  • Antonio Gomes
    19 nov, 2019 22:47
    O problema é a crescente dívida soberana (não há almoços grátis).