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Embaixador dos EUA na Ucrânia confirma preocupação de Trump com investigação a Biden

13 nov, 2019 - 21:00 • João Pedro Barros com agências

Audições públicas da primeira fase do processo de destituição do Presidente norte-americano foram marcadas pelas declarações do embaixador em Kiev, William Taylor, que reafirmou a convicção de chantagem sobre a Ucrânia.

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Aquilo que verdadeiramente interessava a Trump na relação entre os EUA e a Ucrânia era a investigação ao rival democrata Joe Biden, um dos mais fortes candidatos a adversário nas eleições presidenciais do próximo ano. A ideia foi sublinhada esta quarta-feira pelo embaixador interino em Kiev, William Taylor, nas primeiras audições abertas ao público no processo de impugnação do Presidente norte-americano, esta quarta-feira.

Taylor relatou que um membro do seu gabinete na embaixada ouviu um telefonema, a 26 de junho, entre Trump e Gordon Sondland, em que o Presidente inquiria o embaixador norte-americano na União Europeia sobre a investigação ao filho de Biden, relativa a negócios familiares na Ucrânia. O diplomata ter-lhe-á respondido que ela estava pronta para avançar.

Após a chamada – que aconteceu um dia depois da conversa telefónica em que Trump pede ao homólogo ucraniano, Volodymyr Zelenski, para que o inquérito avance –, o membro do gabinete de Taylor perguntou a Sondland o que Trump pensava sobre a Ucrânia.

"O embaixador respondeu que o Presidente Trump estava mais interessado nas investigações a Biden, para as quais Rudolph Giuliani [advogado do Presidente], estava a fazer pressão," testemunhou Taylor.

Adam Schiff, o democrata que preside à comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes e a esta investigação, pediu a confirmação de que a ideia de Sondland era dizer que Trump estava mais interessado nas investigações sobre Biden do que na ajuda militar à Ucrânia. E, para que não houvesse dúvidas, Taylor respondeu afirmativamente.

Trump não está a acompanhar sessões

As audiências públicas do processo estão a ser transmitidas em direto por vários canais televisivos norte-americanos, mas a Casa Branca já informou que o Presidente não está a assistir aos trabalhos no Congresso, porque "está a trabalhar".

William Taylor apresentou factos que estão na base da argumentação para o inquérito para a destituição: a retenção de cerca de 400 milhões de euros de ajuda militar à Ucrânia.

O principal diplomata norte-americano no país explicou que vários membros da administração tentaram convencer Trump a levantar a suspensão da ajuda financeira à Ucrânia, mas que o Presidente demorou muito a autorizar a transferência de dinheiro (que apenas ocorreria um mês depois do telefonema ao Presidente ucraniano).

Na sua declaração inicial, Adam Schiff mencionou o papel relevante de Rudolph Giuliani na pressão sobre o Presidente ucraniano, para que fosse criando um canal diplomático paralelo e ilegal nas relações com outros países.

Schiff criticou ainda Trump por se ter recusado a cooperar com o inquérito para a destituição, dizendo que o Congresso analisará se houve obstrução de justiça por parte da Casa Branca, o que poderá constituir novo terreno para o processo de “impeachment”.

Acusação deverá avançar para o Senado

A impugnação é apenas parte do processo contra o Presidente, que corre na Câmara dos Representantes. É quase certo que ela irá avançar, visto que o Partido Democrata tem maioria.

Porém, para que Trump seja mesma destituído é necessário que a medida seja aprovada por dois terços no Senado onde, pelo contrário, a maioria é Republicana (53 contra 47). Para além disso, tal seria inédito na história norte-americana.

O Senado deverá assim ser uma espécie de tribunal da acusação, que poderá ocorrer em janeiro de 2020.

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