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Castanhas podres? Há uma nova doença a atacar os castanheiros

12 nov, 2019 - 11:00 • Olímpia Mairos

“Os prejuízos podem chegar aos 80% ou 90%” da produção e ainda se sabe como tratar a doença, alerta José Laranjo, investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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A doença é conhecida popularmente por “podridão da castanha” e é provocada por um fungo com o nome científico de “Gnomoniopsis castanea”. Apesar de ter sido detetada há cerca de dez anos em alguns países da Europa, como Itália e França, em Portugal atingiu especial evidência em 2019.

Segundo o docente e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), José Gomes Laranjo, “muito pouco ainda se sabe sobre a biologia do fungo que provoca a podridão da castanha, bem como as formas de tratamento, mas sabe-se que os prejuízos causados podem chegar aos 80% ou 90%”.

O investigador esclarece que a contaminação “acontece nas flores, nas folhas e nos ramos dos castanheiros”, notando-se um acréscimo dessa contaminação “nos soutos mais infestados pela vespa das ‘galhas’ desta árvore, o Dryocosmus kuriphilus, o que se deve ao facto de as ‘galhas’ provocadas pela vespa funcionarem como depósitos de inoculação do fungo”.

Uma espécie de tumores

As ‘galhas’ são uma espécie de tumores gerados pelos tecidos da planta como reação à postura de ovos por este inseto nos gomos, durante o verão, de onde se formarão larvas na primavera seguinte, provocando o aparecimento de tais tumores. E, segundo José Gomes Laranjo, os verões quentes e húmidos parecem favorecer a doença.

Para tratar e combater a nova doença, não foram ainda testados produtos químicos, mas o investigador da UTAD considera que “a limpeza dos ouriços, castanhas de refugo e folhagem dos soutos, no outono, possa limitar os ataques do próximo ano, sabendo-se também que os tratamentos em armazém com ozono têm dado resultados positivos”.

“Há, porém, muito trabalho a fazer pela investigação”, reconhece o investigador José Gomes Laranjo, “nomeadamente ao nível do melhoramento das variedades e conhecimento das condições do souto que possam minimizar este problema, bem como a sua limitação ao nível das condições de armazenamento”.

“Está aqui, por isso, mais um importante desafio para a ciência”, conclui o investigador da UTAD.

Em Trás-os-Montes, a fileira de castanha é uma das principais fontes de receita dos agricultores.

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