08 nov, 2019
Depois de se efectivar o Brexit (se e quando continuamos a não saber) seguir-se-à uma fase de grande importância, ou seja a negociação do futuro de colaboração entre o Reino Unido e os estados da União Europeia. Foi por exigência destes últimos que o futuro dessa colaboração só seja discutido depois do Brexit. Tenho as maiores dúvidas que tenha sido uma boa opção, mas foi a que prevaleceu e agora já não é possível alterar.
A importância da discussão deste estatuto de cooperação resulta, como é evidente, da necessidade de acomodar no espaço europeu dois centros de poder determinantes para o futuro da Europa, mesmo reconhecendo que não são equivalentes. Mas a verdade é que o Reino Unido, embora em inferioridade em termos económicos e demográficos, tem trunfos relevantes que obriga os estados da União a dar prioridade à obtenção de acordos sobre o futuro das relações União-Reino Unido.
No entanto, esta é apenas a resposta à necessidade imediata. Poderá também haver, a prazo, uma forte incidência destas negociações sobre o que poderíamos designar por futuro interno da União. É que pode resultar dos acordos com os britânicos a percepção, a meu ver correcta, de que para assegurar a cooperação dos estados europeus poderá, afinal, ser útil estender a todos os estados da União os mesmos princípios e instituições que irão regular as relações com o Reino Unido.
Esta seria uma forma bem-vinda de assegurar o futuro da União retrocedendo no caminho do federalismo centralista que está a levar a Europa para o abismo. Afinal, a cooperação entre os estados europeus poderá porventura ser melhor assegurada se as relações entre eles estiverem mais próximas das que se irão definir para as relações entre a União e o Reino Unido.