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​Cinco debates essenciais que se ouviram na Web Summit

07 nov, 2019 - 21:35 • Cristina Nascimento , João Pedro Barros

De Edward Snowden a um conselheiro de Donald Trump, mais de 1.200 oradores passaram pela quarta edição portuguesa de uma das maiores conferências tecnológicas do mundo.

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De segunda a quinta-feira, mais de 1.200 oradores tomaram a palavra na Web Summit. Da proteção de dados e denunciantes à fiscalidade das grandes tecnológicas, não faltaram oportunidades para lançar os debates mais pertinentes do momento.

1 - Proteção de dados e proteção de denunciantes

Foi a principal estrela da sessão de abertura da Web Summit e nem sequer subiu ao palco. Edward Snowden, o analista de sistemas informáticos acusado de espionagem, falou à plateia por videoconferência. Snowden aproveitou a oportunidade para deixar o alerta de que a manipulação de dados das pessoas continua.

O tema da proteção de dados permaneceu na agenda da cimeira nos dias seguintes. Juan Branco, advogado e consultor jurídico de Julian Assange e da WikiLeaks, lamentou, por exemplo, que Portugal tivesse “permitido a detenção de Rui Pinto”, o denunciante de corrupção no mundo no futebol que está atualmente a aguardar julgamento.

Já a nova comissária europeia para a Justiça, Vera Jourová, veio a Lisboa reconhecer que “não há proteção legal suficiente no espaço comunitário para quem denuncia crimes de corrupção”.

2 - Taxação das grandes tecnológicas precisa-se

A comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, veio à Web Summit defender um sistema de impostos unificado para as empresas tecnológicas, não apenas na Europa mas a nível global, um cenário, acrescentou que parece ser realizável em breve.

Na mesma linha, também o primeiro-ministro aproveitou a ida à Web Summit para defender uma taxação dos “grandes gigantes do digital”.

3 - Contestação ao Brexit

O antigo primeiro ministro britânico Tony Blair voltou à Web Summit e, este ano, brilhou em dois palcos. No palco temático dedicado às sociedades do futuro, Blair voltou a apelar à realização de um segundo referendo sobre a saída do Reino Unido na Europa. “O Brexit consumado seria terrível, era o adeus à Europa”, disse Blair. Depois, no palco central, Blair lançou um olhar mais abrangente sobre o estado da política. A visão não é animadora, considerando que, no Ocidente, parece haver uma competição pelo político mais louco.

Outra das personalidades a passar pelo palco central foi Michel Barnier, negociador da União Europeia para o Brexit. O diplomata diz que, no atual momento das negociações, ainda há um risco de se cair num precipício – se houver uma saída do Reino Unido sem acordo – e apelou à vigilância da todos os cidadãos.

4 - Mundo vs. China?

A guerra comercial entre os EUA e a China tem uma enorme componente tecnológica e não era de esperar que o conselheiro tecnológico da Casa Branca perdesse a oportunidade para frisar o “perigo” representado por empresas como a Huawei, nomeadamente na construção das redes 5G. “Vários países continuam a pôr a hipótese de abrir os braços a empresas chinesas para construir infraestruturas cruciais como 5G e desenvolver tecnologias-chave, como a inteligência artificial”, sublinhou Michael Kratsios, no que tem de ser lido também como uma crítica ao Governo português – a Altice e a Huawei têm colaborado para a implementação do 5G.

A dramatização do discurso foi mais além: a economia de mercado e o modo de vida ocidental podem ser postos em causa. “O Governo americano está a tomar uma posição e não o podemos fazer sem a Europa e os nossos aliados em todo o mundo. Podemos não estar de acordo em todos os aspetos da legislação tecnológica, mas concordamos nos princípios mais importantes”, concluiu.

5 - EUA saíram do Acordo de Paris? Ignorem

Christiana Figueres é uma costa-riquenha que é tida como uma das responsáveis pelo Acordo de Paris, subscrito por quase todos os países do mundo em 2015. É também a líder da Global Optimism, um movimento que luta por transformar o pessimismo em otimismo.

“Apesar de os Estados Unidos estarem a abandonar o Acordo de Paris, 60% da economia está a descarbonizar-se”, salientou Figueres, que comparou o caminho da descarbonização da sociedade e da economia a uma autoestrada em que cada um segue no seu veículo, ao seu ritmo. Basta que os países subscritores não olhem para os Estados Unidos e continuem em frente para que possa haver um final feliz.

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