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Papa convida católicos a rezar pela “convivência e o diálogo” no Médio Oriente

06 nov, 2019 - 15:23 • Com Ecclesia

A intenção para o mês de novembro destaca os “laços espirituais e históricos” entre judeus, cristãos e muçulmanos, numa altura em que os cristãos temem pelo seu futuro na Síria e no Iraque.

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O Papa Francisco apelou à oração dos católicos, durante o mês de novembro, pela “convivência e o diálogo” entre crentes no Médio Oriente.

“Rezemos para que no Médio Oriente nasça um espírito de diálogo, um espírito de encontro e reconciliação”, pede o pontífice, na edição mensal de “O Vídeo do Papa”, divulgada hoje através das redes sociais.

Francisco sublinha que, no Médio Oriente, “a convivência e o diálogo entre as três religiões monoteístas se baseiam em laços espirituais e históricos”.

“Destas terras, chegou-nos a Boa Nova de Jesus, ressuscitado por amor. Hoje, muitas comunidades cristãs, juntamente com outras judaicas e muçulmanas, trabalham pela paz e a reconciliação e o perdão”, refere.

O “Vídeo do Papa” difunde todos os meses as suas intenções de oração “pelos desafios da humanidade e da missão da Igreja”, numa iniciativa coordenada pela Rede Mundial de Oração do Papa (Apostolado da Oração), ligada aos Jesuítas.

Do Médio Oriente fazem parte o Bahrein, Egito, Chipre, Irão, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Qatar, Arábia Saudita, Síria, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Iémen e Palestina; a comunidade cristã representa aproximadamente 5% da população destes territórios; a judaica, que está concentrada principalmente em Israel, é de quase 2%.

O padre Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, reforça a mensagem de Francisco: “Esta é a terra onde nasceram as três grandes religiões monoteístas, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo”.

“É a terra de Abraão, Isaac e Jacob, a terra dos profetas e onde Jesus Cristo nasceu de Maria. A Igreja nasceu lá. Desde a época de Jesus até hoje, os cristãos sempre estiveram presentes nessas terras. Este mês, somos convidados a interessarmo-nos pela diversidade das tradições religiosas e culturais do Médio Oriente. Demonstrar interesse pelos homens e mulheres desta terra ajuda-nos a rezar por eles”, indica o religioso jesuíta.

Cristãos temem pelo futuro

A intenção do Papa surge numa altura em que cresce o medo dos cristãos pelo seu futuro na Síria e no Iraque.

No nordeste da Síria, de acordo com a fundação Ajuda à Igreja que Sofre, muitos cristãos foram forçados a fugir de zonas que foram alvo da operação militar turca.

“Pelo menos 300 cristãos foram forçados a deixar as cidades de Ras al-Ain, Derbasiyah, Tall Tamr e uma área de al-Malikiyah, e temos medo que, se os combates prosseguirem, possa haver um êxodo ainda maior que pode até incluir a cidade de Qamishli, onde actualmente vivem cerca de 2.300 famílias cristãs”, disse à fundação o padre Nidal Thomas, representante episcopal da Igreja Católica em Hassaké.

Alguns cristãos na região estão em coligação com os curdos no Governo que tem gerido de forma autónoma o nordeste da Síria desde os primeiros anos da Guerra Civil, integrando também o seu braço armado, as Forças Democráticas da Síria, que com o apoio dos Estados Unidos foram fundamentais para derrotar territorialmente o Estado Islâmico.

Já no Iraque a onda de manifestações que ameaçam a estabilidade, são vistas também com preocupação pelos cristãos que sobreviveram a quase duas décadas de perseguição religiosa desde a queda do regime de Saddam Hussein.

A maioria dos cristãos no país vive longe do epicentro destas manifestações, mas citado pelo site Vatican News o patriarca católico caldeu de Bagdade, Raphael Sako, diz que não se sabe como é que a situação vai afetar o resto do país e pede ao Governo que escute o clamor das ruas.

“Espero que o Governo queira ouvir o grito destas pessoas que sofrem, como o Santo Padre pediu”, afirmou, após ter-se encontrado com manifestantes na famosa praça Tahir na capital do país. “Fui levar medicamentos para os feridos e os enfermos”, disse, “e encontrei milhares e milhares de jovens, anciãos, mulheres e jovens estudantes. É a primeira vez que as mulheres participam expressivamente destas manifestações.”

O patriarca explica que os manifestantes procuram “justiça e um futuro melhor” e pedem por isso ao Governo que adote “medidas rápidas e concretas” contra a corrupção generalizada e que invistam “em projectos de desenvolvimento económico, social e de saúde”.

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