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Web Summit 2019

Neto de Mandela: "África do Sul não precisa só de liberdade política, falta a económica"

06 nov, 2019 - 15:32 • Manuela Pires

Para além de Siyabulela Mandela, palco dedicado às "sociedades do futuro" reuniu um ativista de Direitos Humanos e o responsável de uma empresa que criou uma tecnologia para proteger quem vive em zonas de conflito.

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Siyabulela Mandela tem 36 anos, é professor universitário de Relações Internacionais e anda pelo mundo para falar sobre o legado de Nelson Mandela, primeiro Presidente da África do Sul no pós-apartheid, Nobel da Paz pela sua luta pelos direitos civis e avô de Siyabulela.

Num dos palcos da Web Summit, esta quarta-feira, falou da estratégia que o avô seguiu em 1994, quando se tornou Presidente da África do Sul.

”A reconciliação foi a sua principal prioridade. Havia dois problemas, 300 anos de colonização e quase 60 anos de apartheid, e a unificação do país foi o seu objetivo.”

Se Nelson Mandela conseguiu uma transição pacífica para unificar o país, agora é necessário olhar para outros problemas que persistem, defendem Syabulela Mandela. “A África do Sul não precisa apenas de liberdade política, mas também de liberdade económica.”

O neto de Nelson Mandela fala num país onde metade da população vive na pobreza, sem acesso à educação ou a cuidados de saúde básicos. Trinta anos depois do fim do regime que segregava os cidadãos por raça, há ainda muitas desigualdades no país. “Os negros continuam a viver em casas pobres, sem condições, ao contrário dos brancos e mais ricos.”

Conclui, por isso, que o país tem de olhar para as necessidades da população e gerar riqueza, olhar para a economia tendo em vista os cidadãos, porque a maioria “está muito zangada”.

Syabulela Mandela reconhece que aquela foi a oportunidade para reunificar o país, mas que depois, nos anos seguintes” o legado de Mandela foi traído pelos líderes políticos”.

Na semana em que a África do Sul conquistou o mundial de rugby, o neto de Mandela lembrou ainda que o seu avô utilizou o desporto como uma arma contra o apartheid. “O desporto tem um papel fundamental para unificar, e tal como a equipa de rugby, se estivermos unidos, vamos conseguir.”

O moderador da conferência, que decorreu no palco dedicado às "sociedades do futuro", quis saber se havia na assistência pessoas que viveram ou vivem em países em conflito, e muitos levantaram o braço, do Iémen, da Índia, de Angola, Colômbia, Brasil, Moçambique.

Foi aí que Peter Tatchell, ativista britânico dos Direitos Humanos, sublinhou que é preciso ir mais longe na condenação dos líderes responsáveis pelas guerras. "As pessoas que vivem em zonas de conflito veem que nada é feito, que há um sentimento de impunidade.”

Peter Tatchell garante que a maior parte das pessoas que foge aos conflitos não quer abandonar os seus países, antes fogem porque não têm as mínimas condições para viver, daí a importância de "resolver os conflitos locais”.

Neste painel da Web Summit não faltou uma empresa tecnológica que desenvolveu uma solução para proteger as pessoas que vivem em zonas de conflito. A Hala Systems trabalha na Síria e desenvolveu um sistema de aviso de bombardeamentos. Com entre 7 a 10 minutos de antecedência, o sistema alerta a população local para bombardeamentos iminentes, o que na Síria já ajudou a salvar centenas de vidas e a evitar milhares de feridos.

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