01 nov, 2019 - 12:42 • Redação com Ecclesia
O Papa questionou esta sexta-feira, no Vaticano, o que qualificou como “cultura negativa” sobre a morte, contrapondo-a à comemoração dos fiéis defuntos, na Igreja Católica.
“Nestes dias em que, infelizmente, circulam também mensagens de cultura negativa sobre a morte e os mortos, convido a não negligenciar, se possível, uma visita e uma oração no cemitério. Será um ato de fé”, declarou Francisco perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a recitação do Angelus na solenidade de Todos os Santos.
Na mesma ocasião, o Papa agradeceu “a todos os que, nestes dias, nas paróquias e comunidades, promovem iniciativas de oração para celebrar Todos os Santos e comemorar os defuntos”.
“Que estas duas festas cristãs nos recordem a ligação que existe entre a Igreja da Terra e a do Céu, entre nós e os nossos queridos que passaram para a outra vida”, desejou.
No sábado, Francisco vai assinalar a comemoração anual dos fiéis defuntos (2 de novembro) com uma missa nas Catacumbas de Priscila.
“Amanhã à tarde, vou celebrar a Eucaristia nas catacumbas de Priscila, um dos lugares de sepultura dos primeiros cristãos de Roma. Nestes dias, em que infelizmente circulam mensagens de cultura negativa sobre a morte e sobre os mortos, convido-vos, se possível, a não descurarem uma visita e uma oração no cemitério”, adiantou nesta sexta-feira.
O tema da morte esteve no centro de uma mensagem que o Papa enviou a um encontro de jovens de várias religiões e nacionalidades, incluindo quatro portugueses, que decorreu até esta quinta-feira, no México.
“A pergunta sobre a morte é a pergunta sobre a vida, e manter aberta a pergunta sobre a morte, talvez, seja a maior responsabilidade humana para manter aberta a pergunta sobre a vida”, declarou Francisco, numa intervenção em vídeo, divulgada pela Santa Sé.
O evento foi organizado em conjunto pela Scholas Occurrentes e World ORT, organização não-governamental judaica que se ocupa de educação e formação profissional.
O Papa destacou a importância de compreender o “fim” de cada história, de cada momento na vida diária, dando espaço à “fragilidade” e ao “mistério”.
“A morte lembra-nos a impossibilidade de ser, compreender e englobar tudo. É uma bofetada na nossa ilusão de omnipotência”, disse.
A intervenção questiona uma “cultura mundana” que escraviza as pessoas e as tenta “anestesiar”.
“O esquecimento da morte é também o seu início; uma cultura que se esquece da morte começa a morrer por dentro. Aquele que esquece a morte já começou a morrer”, advertiu.
A comemoração de todos os Fiéis Defuntos remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de Cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.