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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A mudança da hora e a subsidiariedade

29 out, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A alternância hora de verão/hora de inverno ameaça não continuar a partir de 2021. É uma escolha que, segundo o princípio da subsidiariedade, deveria pertencer a cada Estado membro.

Na madrugada do passado domingo atrasámos 60 minutos os relógios, entrando na chamada hora de inverno. A mudança da hora, neste caso para a hora de verão, foi pela primeira vez concretizada em Portugal durante a I guerra mundial, para poupar combustível. E na II guerra mundial os relógios no nosso país chegaram a ser adiantados duas horas, no verão, com a mesma finalidade.

Nas últimas décadas temos vivido com hora de inverno e hora de verão. Mas essa alternância ameaça não continuar a partir de 2021. Em março o Parlamento Europeu votou o fim da mudança da hora a partir dessa data. Em 2018 a Comissão Europeia promovera uma sondagem sobre este assunto. 84% dos inquiridos mostraram-se favoráveis à hora igual todo o ano, sem mudanças.

Só que, como lembra o “Jornal de Notícias”, falta ainda a aprovação do Conselho Europeu. Ora o primeiro-ministro A. Costa já se declarou contrário ao fim do regime bi-horário. E invocou razões científicas para se manter a mudança da hora. Seria bom que o seu ponto de vista prevalecesse no Conselho, mas há quem duvide.

O diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, Rui Agostinho, é uma das fontes que apresentaram justificações científicas para manter a mudança da hora. R. Agostinho considera pouco representativa a sondagem encomendada pela Comissão Europeia. E o diretor do Centro Materno Infantil do Norte, Caldas Afonso, também está contra o regime de hora única, o qual, argumenta, iria prejudicar sobretudo as crianças que, no inverno, já hoje vão para a escola de manhã praticamente de noite e assim regressarão ao fim da tarde, também de noite.

O regime bi-horário faz com que a população de mantenha adaptada ao padrão da luz do dia. Rui Agostinho defende que, se formos forçados a adotar a hora única, é preferível a hora de inverno.

Já existe na UE uma uniformidade nas datas de mudar a hora. Para quê uniformizar ainda mais? É uma escolha que, segundo o princípio da subsidiariedade, deveria pertencer a cada Estado membro. A concretizar-se, será mais uma imposição da UE, não só inútil como nociva. Depois queixem-se do euroceticismo…

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

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