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1947-2019

Morreu Rogério Rodrigues, "o último jornalista"

09 out, 2019 - 13:38 • Redação

Diz quem foi dele mais próximo que era, tão somente, “o melhor”. Dele se diz também que enobrecia a língua quando dela se usava para escrever nos jornais (e passou por vários: Diário de Lisboa, O Jornal, Público, A Capital) ou em livros: “Até o José Cardoso Pires, com quem bebia copos nas pausas das notícias ou da escrita, gostava de dizer que ele é que era”. O jornalista Rogério Rodrigues, pai de Tiago Rodrigues, encenador e diretor do Teatro Nacional D. Maria II, morreu na terça-feira, aos 72 anos.

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O jornalista Rogério Rodrigues morreu no final da tarde de terça-feira, aos 72 anos, confirmou fonte familiar.

Natural de Peredo dos Castelhanos, Torre de Moncorvo, Rogério Rodrigues encontrava-se doente e havia sido hospitalizado no passado domingo.

Rogério Rodrigues começou a trabalhar no "Diário de Lisboa" em 1974, de onde saiu, em 1981, para "O Jornal". Em 1989, foi para a revista "Sábad" e, em 1990, para o diário Público. Voltou ao "O Jornal" em 1992, onde permaneceu até 1994.

O jornalista Luís Osório reagiu à notícia de Rogério Rodrigues, no Facebook, expressando o seu lamento pela morte daquele que considera "o último jornalista".

"O Rogério foi o melhor, o mais extraordinário jornalista que conheci", escreveu Luís Osório, lembrando que Rogério Rodrigues, pai de Tiago Rodrigues, encenador e diretor do Teatro Nacional D. Maria II, “fez tudo para nunca ser falado, para nunca ser elogiado, para passar sempre ao largo dos holofotes, dos aplausos, das condecorações, dos puxa-saco”.

“A sua cultura era lendária. Sabia tudo. Conhecia todos. Viajava pela língua como poucos, manobrava-a como ninguém. Até o José Cardoso Pires, com quem bebia copos nas pausas das notícias ou da escrita, gostava de dizer que ele 'é que era'.”

Rogério Rodrigues foi, na imprensa portuguesa, o grande especialista na história do PCP, com trabalhos de investigação, entrevistas e reportagens publicadas nos diversos órgãos de comunicação em que trabalhou.

"Ninguém escrevia sobre política como o Rogério. Nem sobre o Partido Comunista. Ou Álvaro Cunhal. No dia em que o conheci, na redação do semanário O Jornal, acabara de publicar um perfil sobre o histórico líder comunista, levei o jornal para casa e adormeci a sonhar com o dia em que escreveria como ele", lembra Luís Osório.

Rogério Rodrigues foi também diretor-adjunto de A Capital, quando Osório dirigiu o vespertino, e passou também pela nova fase do Rádio Clube Português e por programas de televisão.

Análise política do jornalista Rogério Rodrigues

Entrevista em estúdio ao jornalista Rogério Rodrigues sobre as convulsões no PCP e o futuro do partido.

Em 1988, publicou o livro "Vida e mortes de Faustino Cavaco", um autêntico manual de escrita jornalística e de grande reportagem, sobre a sangrenta fuga, em julho de 1986, de seis reclusos da Colónia Penal de Pinheiro da Cruz, deixando para trás três guardas prisionais mortos e dois feridos.

É também autor de vários livros de poesia ("Livro de Visitas"), ficção ("A outra face da morte") e ensaio ("História da Educação em Portugal").

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