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Hong Kong

Chefe do Governo de Hong Kong admite entrada de exército chinês se protestos piorarem

08 out, 2019 - 10:09 • Lusa com Redação

Carrie Lam, dirigindo-se aos críticos internacionais, referiu ainda que os quatro meses de protestos intensos não podem mais ser considerados "um movimento pacífico pela democracia".

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A líder de Hong Kong, Carrie Lam, admitiu esta terça-feira que os militares chineses podem vir a intervir no território se a violência dos protestos piorar, mas reiterou que o Governo ainda espera resolver a crise.

Lam exortou os críticos estrangeiros a aceitarem que os quatro meses de protestos marcados pela escalada da violência não podem mais ser caracterizados como "um movimento pacífico pela democracia".

A chefe do Governo disse que a possibilidade de Hong Kong pedir uma intervenção chinesa está prevista na mini-constituição do território, a Lei Básica, mas não indicou em que circunstâncias o poderá fazer.

"Eu ainda sinto, fortemente, que devíamos encontrar soluções. Essa também é a posição do Governo central [chinês], de que Hong Kong deve resolver o problema por conta própria, mas se a situação piorar, nenhuma opção poderá ser descartada, se quisermos que Hong Kong tenha pelo menos uma outra oportunidade", afirmou, em conferência de imprensa.

Os protestos começaram em junho por causa de uma proposta de emendas a uma lei que permitiria extraditar suspeitos de crimes para território e países sem acordos prévios, como a China, mas cedo se transformou num movimento antigovernamental e pró-democracia.

Os manifestantes diziam temer que a proposta, entretanto abandonada pelo Governo de Hong Kong, fosse mais um exemplo da crescente influência de Pequim sobre a ex-colónia britânica, à qual foi prometido um alto nível de autonomia quando regressou ao domínio chinês em 1997.

A contestação teve um forte impacto no turismo local e prejudicou as empresas no centro financeiro internacional, lesando ainda mais a economia da cidade, à medida que enfrenta os efeitos da guerra comercial Estados Unidos/China.

Num endurecimento da posição do Governo perante os protestos na semana passada, Lam invocou uma lei de emergência da era colonial para criminalizar o uso de máscaras em manifestações, mas a decisão parece ter aumentado a violência, que se intensificou no passado fim de semana.

Na semana passada, polícias dispararam pela primeira vez balas reais sobre manifestantes, ferindo dois adolescentes.

Manifestante baleado pela polícia de Hong Kong no 70.º aniversário da República Popular da China
Manifestante baleado pela polícia de Hong Kong no 70.º aniversário da República Popular da China

A aplicação da proibição das máscaras começou no sábado, e Lam disse que era muito cedo para avaliar se a medida tinha falhado. Até esta terça-feira, dois jovens foram acusados de violar a proibição que pode resultar numa pena até um ano de prisão e numa multa de quase três mil euros.

Os críticos temem que a lei invocada, que dá a Lam amplos poderes de decisão, ultrapassando o processo politico legislativo, possa abrir caminho para a declaração de um estado de emergência. A chefe do Governo disse que o Governo faria uma "avaliação cuidadosa" antes de impor outras medidas legais, como restrições ou bloqueios à Internet.

Lam também se comprometeu a continuar o diálogo e a adotar medidas para resolver os problemas económicos e de subsistência no discurso sobre políticas a seguir no território que deve ocorrer no dia 16 de outubro, quando forem retomados os trabalhos no Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

Os manifestantes invadiram e danificaram o edifício do Conselho Legislativo a 01 de julho. Lam apelou à paz aquando da abertura da sessão legislativa, alertando que mais interrupções atrasariam a aprovação de projetos de lei e impediriam o desenvolvimento da cidade.

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