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Freitas do Amaral. Cristas realça coragem do fundador do CDS mas não suspende campanha

03 out, 2019 - 14:05 • Marta Grosso com Lusa

PSD cancela comício de encerramento da campanha. PS fará minuto de silêncio durante comício de sexta-feira.

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Foi com um minuto de silêncio que Assunção Cristas reagiu à notícia da morte de Freitas do Amaral, fundador do CDS.

A informação chegou durante um almoço de campanha em Barcelos, Braga. Assunção Cristas pediu que se interrompesse a refeição para anunciar a notícia aos presentes e pediu um minuto de silêncio.

Recordou depois o homem – "a quem devemos a fundação do CDS" – e os tempos difíceis em foi criado o partido do Centro Democrático Social, juntamente com dirigentes como Adelino Amaro da Costa.

"Eu, enquanto presidente do CDS, só posso estar grata por esse trabalho, por essa coragem, tantas vezes debaixo da ameaça, tantas vezes debaixo de fogo", disse.

Cristas admitiu a existência de momentos em que Freitas "se afastou mais do pensamento do CDS", como quando foi ministro num governo do PS, “mas isso não nos pode deixar esquecer que na base do partido esteve a coragem de Diogo Freitas do Amaral e muitos que com ele, como Adelino Amaro da Costa, ousaram criar um partido que é fundador da nossa democracia", concluiu.

Freitas do Amaral. O último dos "pais" do regime democrático
Freitas do Amaral. O último dos "pais" do regime democrático

Quanto aos restantes partidos, a Renascença apurou que o PSD vai cancelar o comício de amanhã, mantendo as arruadas, mas agora sem música nem animação. O PS, por sua vez, manterá as arruadas, sem música, e prestará homenagem a Freitas do Amaral com um minuto de silêncio durante o comício de sexta-feira.

CDS mantém campanha com “ajustamentos”

“Não ficamos indiferentes e por isso vamos fazer ajustamentos na nossa campanha”, avançou a líder do CDS.

Assunção Cristas pretende “introduzir a sobriedade que o momento exige”, uma vez que “este momento tem no CDS um significado particular”.

“A bandeira na nossa sede nacional já está a meia haste”, adiantou ainda.

O fundador do CDS e ex-ministro Freitas do Amaral morreu esta quinta-feira aos 78 anos, vítima de cancro nos ossos.

Professor universitário, Diogo Pinto Freitas do Amaral nasceu na Póvoa de Varzim em 21 de julho de 1941. Foi líder do CDS, partido que ajudou a fundar em 19 de julho de 1974 e ministro em vários governos, além de presidente da Assembleia Geral da ONU (o primeiro e único português a ocupar esse cargo até hoje).

Estava internado desde 16 de setembro e fez parte de governos da Aliança Democrática (AD), entre 1979 e 1983, e mais tarde do PS, entre 2005 e 2006, após ter saído do CDS em 1992.

Rui Rio: Freitas do Amaral foi "aliado do PSD em momentos importantes"

Mais abaixo, em Vila Nova de Gaia, também Rui Rio não hesitou em reagir à morte do fundador do CDS.

“Tive agora uma notícia triste. Acabou de falecer o Professor Freitas do Amaral e eu queria deixar aqui uma palavra de homenagem. Nem sempre o PSD esteve de acordo com ele e ele de acordo com o PSD, mas nos momentos importantes do país e nos momentos importantes do PSD o Professor Freitas do Amaral foi um aliado”, começou por dizer perante uma plateia de empresários.

“É um dos fundadores dos principais partidos nacionais, o CDS, e eu queria prestar-lhe aqui a minha homenagem, cinco minutos depois de saber que faleceu”, concluiu, ao que se seguiu uma salva de palmas.

“Aprendi muito com ele”, diz Paulo Rangel

O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel reage à morte de Freitas do Amaral pela rede social Twitter.


Uma das personalidades "mais marcante da vida política", diz PCP

O Partido Comunista Português reconhece Freitas do Amaral como uma das personalidades "mais marcante da vida política portuguesa nas últimas décadas" e um "notável académico".

"É conhecida a distância política que sempre separou Freitas do Amaral do PCP, mas é inequívoco que o professor Freitas do Amaral foi uma das personalidades políticas mais marcante da vida política portuguesa nas últimas décadas, quer como dirigente partidário, como membro do Governo e até no plano internacional como presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas", disse à agência Lusa o deputado do PCP António Filipe.

O deputado comunista sublinhou também que Freitas do Amaral foi "um distinto professor de Direito" e "um notável académico", sendo uma personalidade que merece "o maior respeito".

O PCP transmitiu ainda aos familiares de Freitas do Amaral "as sentidas condolências".

Catarina Martins enaltece convergência sobre direitos humanos e paz

A coordenadora do BE reconheceu hoje que, apesar das diferenças de posicionamento político, foi possível uma convergência com Freitas do Amaral sobre questões como direitos humanos e a paz, enviando as condolências à família e amigos pela sua morte.

"Não deixando de reconhecer que, naturalmente, estamos em polos políticos muito diferentes, reconhecer também a convergência que foi feita. É sempre bom saber que há momentos em que pessoas com posicionamentos diferentes podem, ainda assim, estar juntas por questões tão essenciais como os direitos humanos ou como a paz", enalteceu Catarina Martins, em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de campanha no Porto.

Catarina Martins começou por enviar, em nome do BE, os "pêsames a toda a família e a todos os amigos".

"E queria reconhecer também que, tendo nós tantas diferenças que todas as pessoas conhecem, houve alguns momentos em que foi importante a convergência e assinalo a denúncia da guerra do Iraque, a necessidade de reestruturar a dívida pública portuguesa e também, mais recentemente, a necessidade de denunciar o Governo brasileiro de Bolsonaro como extrema-direita e o perigo que é", afirmou.

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