Reportagem

“Foi comigo que o João Félix começou a treinar, eu fazia de guarda-redes”. Revelações da avó do craque

28 set, 2019 - 09:01 • Liliana Carona

Renascença foi às origens de João Félix, em Mesquitela, freguesia do concelho de Celorico da Beira, a terra natal dos avós. Eduardo e Marina não se importam que o neto não seja conhecido por “Sequeira”, o nome paterno. A autarquia de Celorico da Beira já vê o craque como um embaixador.

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As origens de João Félix - Reportagem de Liliana Carona

João Félix, nome completo: João Félix Sequeira. O apelido paterno com origem em Mesquitela, no concelho de Celorico da Beira, passou a ser ocultado ainda quando jogava no Futebol Clube do Porto.

“Ele, com sete anos, foi para a escolinha do Porto e começaram a chamá-lo de Félix. ‘O Félix vai resolver’, diziam. Houve familiares que queriam que fosse João Sequeira, mas foi por Félix que começou a ser chamado”, recorda o avô paterno. Eduardo Sequeira assistiu a alguns treinos do neto quando era mais novo e garante que, tanto ele como a mulher, não ficaram incomodados que ele passasse a ser conhecido pelo nome materno.

Hoje, aos 19 anos, João Félix presenteia o avô com outros momentos que vão muito além dos treinos.

“A primeira camisa que ele vestiu da Seleção ofereceu-ma”, aponta para o quadro na sala que a expõe e onde se encontram muitas fotografias que comprovam que João Félix alcançou fama além-fronteiras.

Fama para a qual contribuiu o primeiro treinador, neste caso uma treinadora, a avó Marina Sequeira, 80 anos.

“Eu era a guarda-redes, ele jogava em qualquer sítio. Desde os quatro meses de idade que o acompanho. A bolinha azul do Porto ainda está no pátio de casa, aqui em Mesquitela, à espera dele”, diz comovida.

Os avós de João Félix contam que o neto é o tema inevitável das conversas por estes dias em Mesquitela e todos manifestam orgulho no craque que foi transferido do Benfica para o Atlético de Madrid por 126 milhões de euros e já veste a camisola da seleção nacional.

“Toda a gente nos conhece, é nos talhos, nos cafés, notamos que as pessoas ficam emocionadas por ele ter raízes aqui”, conta o casal.

“Ele tem sempre que ter a batatinha frita e as natas do céu”

João Félix jogava à bola em qualquer sítio e hoje deixa confuso o avô de 82 anos, Eduardo Sequeira, que se vê obrigado a mudar os gostos clubísticos com frequência.

“De começo éramos todos do Porto, depois quando foi para o Benfica mudámos, agora sou do Atlético”, sorri o avô de João Félix.

E como treinador de bancada do neto, o que observa o avô Eduardo Sequeira? “Festejo as vitórias aqui e gosto de assistir sozinho, não costumava festejar, mas quando o meu neto marca, não me aguento, aqueles golos de categoria e está se a notar a falta dele no Benfica. Ele é inteligente, desmarca-se bem, chuta bem, cabeceia bem, temos muito orgulho nele”, confessa.

O avô Eduardo constata que a família tem queda para a bola. “Aliás o meu filho, o pai do João, foi campeão juvenil pelo Sporting de andebol e eu também jogava bem, também sempre tive jeito e sem esquecer o irmão do João, o Hugo que joga no Benfica Sub-15, não fica atrás dele. Marca muito bem os livres, ele também podia estar no Atlético de Madrid, mas ele gosta muito de cá estar”, considera o avô, que se recorda dos netos jogarem no pátio lá de casa.

De neto de Eduardo Sequeira, a embaixador de Mesquitela. Pelo menos é essa a vontade do autarca Carlos Ascensão, presidente da Câmara de Celorico da Beira.

“Tem aqui o avô que é natural daqui e também se torna embaixador”, diz o edil, interrompido pelo avô Eduardo, que admite que “agora é muito complicado ele vir cá”. “Talvez no Natal”, sublinha a avó Marina.

Para Eduardo Sequeira, o seu neto “é um rapaz muito humilde, que não gosta de se exibir”. Mas todos na freguesia querem saber quando regressa a Mesquitela.

Os avós torcem para que o neto regresse lá pelo Natal e, por enquanto, vão pensando no que irão preparar para aconchegar o estômago do jogador do Atlético de Madrid. “Ele tem sempre que ter a batatinha frita e as natas do céu”, conclui a avó Marina Sequeira.

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  • ANTONIO FERREIRA
    28 set, 2019 18:21
    O meu avô fazia o mesmo. Não percebo porque e não cheguei a craque. defeito meu ou incompreensão do povo.

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