26 set, 2019 - 21:36 • Teresa Paula Costa
A comunicação social da Igreja Católica tem de aprender a escutar aqueles que utilizam as redes sociais. O desafio foi deixado, em Fátima, pelo secretário do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé.
Nas Jornadas da Comunicação, que começaram esta quinta-feira, monsenhor Lúcio Ruiz defendeu que, mais do que a doutrina, é a ternura de Deus que pode tocar e mudar alguém.
À margem do evento, explicou que, “para entrar nas redes digitais, a ternura necessita que nós tenhamos a capacidade de ver quem são os nossos utilizadores, quais são as suas necessidades, o seu sofrimento, para também podermos ter a coragem, a força e a inteligência de podermos ajudar, de estarmos próximos, na dor e no sofrimento, com uma palavra de esperança e de ajuda”.
Frisando que “a ternura de Deus é, hoje, uma coisa muito necessária nas redes digitais”, o sacerdote apontou que “é fácil ‘tweetar’, pôr um ícone, mas, descobrir quem está do outro lado, descobrir a necessidade do outro, e querer estar aí e ajudá-lo, isso é mais difícil”.
Para isso, é preciso autenticidade, referiu também aos jornalistas o presidente da Conferência Episcopal das Comunicações Sociais.
Para D. João Lavrador, “a pessoa que transmite tem de ser muito autêntica, é alguém que viva em si o próprio Evangelho”. Considerando que “nós precisamos muito de levar a Bíblia e de proporcionar a leitura da Sagrada Escritura”, o bispo reconheceu que “muitas vezes não é por aí que se faz a conversão.” “É preciso que a Escritura esteja no coração daquele que a proclama”, acrescentou.
Parar e pensar nas redes sociais
Com um percurso já feito na criação de aplicações digitais para jovens, como o “Passo a Rezar”, o Apostolado da Oração tem procurado chegar ao público mais jovem. Segundo o padre António Valério, “o Instagram é uma necessidade que temos de satisfazer, por isso, perceber as estratégias e os modos práticos de o fazer é importante”.
As jornadas de comunicação deste ano têm como tema “O impacto da imagem”. Para Isabel Figueiredo, diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, “nas redes sociais, é verdade que vivemos numa superficialidade, numa agitação, mas, de vez em quando, temos de parar e pensar: ‘o que é que estamos aqui a fazer?’”
Por isso, admitiu que “é preciso ir corrigindo o rumo” e salientou que, “no secretariado estamos todos a trabalhar em rede e, juntos, havemos de conseguir fazer essas alterações”.
Até porque “o que aí vem é um acontecimento que vai exigir muita coragem, peito forte e cheio de esperança e de capacidade de trabalho.” Isabel Figueiredo referia-se à próxima Jornada Mundial da Juventude que se vai realizar em Lisboa, em 2022. “Temos de aprender com os jovens e para os jovens, mas temos de estar com eles”, acrescentou.
Para o secretário do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, “os jovens ficam encantados com os desafios e as coisas grandes, pois são idealistas por isso é preciso apresentar-lhes a Jornada Mundial da Juventude como um desafio grande e com virtudes heroicas”.
Para cativar os jovens para a JMJ, monsenhor Lúcio Ruiz disse que é ainda necessário “entrar com a linguagem deles e convidar os amigos deles, os ‘youtubers’ e os ‘influencers’”. Ou seja, “não nos fechemos na sacristia”, desafiou.
As Jornadas de Comunicação decorrem até sexta-feira, em Fátima, com a presença de pessoas ligadas ao universo das redes digitais e da comunicação social, além dos conferencistas convidados.