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Voluntariado em Moçambique

Partir em missão em casal sem deixar os filhos para trás

25 set, 2019 - 16:26 • Henrique Cunha

O dilema "entre ter umas sapatilhas ou uma camisola" com a incomparável realidade de ter de "escolher entre almoçar ou ir à escola". Henrique, o filho mais velho da família Martins dos Santos, resume assim as diferenças entre a sua realidade e a das crianças de Manjacaze em Moçambique.

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Missão de um casal e dos seus quatro filhos em Moçambique. Entrevista de Henrique Cunha
Clique na imagem para ouvir a entrevista. Foto: DR

Regressaram há cerca de um mês mas o seu pensamento permanece em Moçambique. Nas palavras da mãe Joana, "o coração ainda ficou muito lá".

A família Morais Castro Martins dos Santos diz ter "sido fabuloso sentir que tudo o que foi feito teve um impacto brutal na comunidade". Em Manjacaze, diz o pai Miguel, “sentiram-se em casa, sentiram-se "parte de uma família alargada". Para quem "nunca experimentou a sede ou a fome" lembram que "ambas têm um impacto físico muito grande", pelo que fazer um furo de água "pode ajudar a realizar à concretização de muitos sonhos da comunidade".

Partir em missão em casal, levando os filhos, é uma realidade cada vez mais comum -- e um sonho que, este ano, se concretizou para a família Morais Castro Martins dos Santos, do Porto.

Pai, mãe e quatro filhos, uma delas com trissomia 21, estiveram um mês e meio naquela cidade moçambicana com as irmãs Concepcionistas, a trabalhar na ‘Mesa de São Nicolau’, uma cantina escolar que fornece uma refeição diária e apoio ao estudo a cerca de 200 crianças desfavorecidas.

Conheceram o projecto através da Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres. A conjugação de vontades permitiu reunir as condições para que toda a família partisse em Missão. Durante um mês e meio a família Morais Castro Martins dos Santos fez voluntariado em Manjacaze, na Província moçambicana de Gaza.

A família de seis pessoas, onde se incluem quatro filhos desenvolveu parte substancial do seu trabalho na "Mesa de São Nicolau - Cantina Escolar que visa apoiar com uma refeição diária e apoio ao estudo de cerca de 200 crianças desfavorecidas que frequentam a escola de Macasselane.

Chegada da Missão há cerca de um mês, toda a família se mostra entusiasmada com o projecto e disposto a - quem sabe - regressar um dia. Foi em sua casa, no Porto, que a Renascença foi encontrar estes “missionários”.

No final de mais um dia de trabalho, e pouco depois do regresso a casa, após mais uma jornada escolar, a reportagem da Renascença foi ao encontro destes voluntários que ainda se sentem "como se ainda estivessem em Missão", e desejosos de "poder regressar".

Miguel e Joana são os pais de Henrique, Leonor, Teresa e da pequena Joana de cinco anos. A Juju tem síndrome de Down, e a sua deficiência em vez de perturbar a missão revelou-se “ um abrir de portas”. Nas palavras da Mãe Joana “ a Mana Juju é uma missionária do coração que desperta confiança”.

Muito disponíveis para “ajudar a partir de cá” e um dia quem sabe, talvez voltar a Moçambique, todos têm aindas bem vivos na memória os “passos dados em Manjacaze” e os progressos obtidos que “tiveram um impacto brutal na comunidade”.

Os receios de uma realidade diferente desapareceram ao fim do primeiro dia de Missão. Em Moçambique sentiram-se “parte de uma família alargada” que deixou “o desejo de continuar a trabalhar” com a comunidade a partir do Porto. A falta de água tem um impacto decisivo no quotidiano, pelo que a concretização de um furo de água alterou para melhor vida da comunidade e da escola. Joana diz que “o furo de água ajudar a alimentar os sonhos” e um deles já está concretizado: a comunidade agora já tem uma pequena horta!

Como no conto do macaco e do peixe, a família Martins dos Santos quer “continuar a saber mergulhar, a saber estar, e conhecer” para que prevaleça a “pedagogia do encontro”.

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