18 set, 2019 - 16:53 • Joana Gonçalves , Rui Barros
Concordâncias, críticas e muitas interrupções. Assim foi o primeiro debate entre os seis líderes dos partidos com assento parlamentar, que uniu as três principais rádios de informação portuguesas -- Renascença, Antena 1 e TSF -- a poucas semanas das legislativas de 6 de outubro.
Entre ataques e elogios, foi António Costa quem venceu o prémio de notoriedade, em parte graças a Assunção Cristas. O líder do PS foi aquele que mais vezes foi mencionado nas intervenções dos oponentes, com um total de cinco referências.
O único candidato que não referiu o nome do primeiro-ministro durante todo o debate foi o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
E se é verdade que Costa foi o mais elogiado, é também um facto que foi alvo do maior número de críticas, sobretudo da parte de Cristas: a líder do CDS-PP liderou os ataques ao secretário-geral do Partido Socialista (PS).
Já os elogios a Costa vieram dos líderes do Partido Animais Natureza (PAN), do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Social Democrata (PSD), que ocupou o primeiro lugar da tabela na lista de partidos mais vezes nomeados, seguido do PS e PAN.
António Costa não arriscou e poupou a críticas os possíveis parceiros. Já Rui Rio foi menos calculista, chegando a alinhar-se por duas vezes a intervenções dos líderes do PAN e do PS: a primeira relativa à demografia e a segunda referente ao reforço dos meios de combate à corrupção.
Apesar de poupado por Costa, André Silva não escapou às críticas e foi Catarina Martins quem mais frisou a discordância com o PAN, numa clara tentativa de se distanciar do partido. Sim, do partido, porque a menção ao seu líder foi inexistente, uma característica que a distingue dos restantes líderes e que neste debate a aproximou de Jerónimo de Sousa.
Ambos os candidatos evitaram referências diretas aos adversários. Durante duas horas de debate, mencionaram apenas uma vez o nome de outro líder -- António Costa, no caso da coordenadora do Bloco de Esquerda, e Rui Rio, no caso do secretário-geral do PCP.
Há, no entanto, um traço que os separa. É que Catarina Martins não poupa nas referências aos partidos, enquanto Jerónimo de Sousa optou por não avançar com uma única dessas referências.
A bloquista foi, inclusivamente, aquela que mais vezes referiu o nome de uma força partidária oponente, totalizando 15 referências, na sua maioria para reprovar uma ação passada ou uma medida apresentada no programa eleitoral para estas legislativas.
E se Catarina Martins e Jerónimo de Sousa optaram por não pessoalizar o julgamento, André Silva e Assunção Cristas foram aqueles que mais o fizeram, como é visível no primeiro gráfico.
A imagem apresenta todas as críticas e elogios diretos aos candidatos durante o debate da rádio. Um cenário que sofre uma alteração significativa se adicionarmos à equação as menções ao respetivo partido.
E o prémio de mais interrupções vai para….
Durante duas horas foram contabilizadas 35 interrupções às intervenções dos candidatos. André Silva foi aquele que mais vezes foi interrompido (9), seguido de Assunção Cristas (7).
Do total de interrupções, António Costa foi responsável por 15: seis quando Assunção Cristas falava, quatro quando era Rio quem tinha a palavra.
Há ainda a destacar um momento singular neste primeiro de dois debates da rádio, que teve como protagonista Jerónimo de Sousa.
Num encontro marcado por fortes divergências, sobretudo quanto às sustentabilidade da Segurança Social, à reforma do regime político e à Justiça, o secretário-geral do PCP avançou com uma proposta que reuniu consenso entre todos os candidatos.
Método: para a realização deste artigo, foram analisadas todas as intervenções durante o primeiro debate entre os seis candidatos com representação parlamentar. Para tal, foram definidas as categorias "menção", "crítica", "concordância" e "interrupção". Só foram contabilizadas as interações que incluem uma referência direta ao partido ou respetivo líder.