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Rio diz que sondagens são “manipuladas”, Catarina lembrou privatizações da troika

15 set, 2019 - 22:57 • Paula Caeiro Varela , João Pedro Barros com Lusa

Coordenadora do Bloco de Esquerda falou em “promiscuidade” que permite colocar figuras do PSD e PS em empresas privatizadas ou intervencionadas pelo Estado. Social-democrata diz que projeto de nacionalizações bloquista pode disparar dívida para "patamares brutais".

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O debate entre os líderes do PSD e do BE foi este domingo centrado em questões económicas, com Catarina Martins a "colar" o adversário ao passado da troika e Rui Rio a alertar para os riscos das nacionalizações bloquistas. O líder social-democrata deixou ainda uma acusação forte às empresas de sondagens, que têm colocado o PS próximo da maioria absoluta.

“As sondagens que têm vindo a ser publicadas, mais ou menos manipuladas, não vão dar nada disto”, avisou Rui Rio, que, questionado sobre os autores dessa manipulação, respondeu que são “quem as faz”.

E com que objetivo? “Tentar desmoralizar um setor, o PSD e, em parte, o CDS, e moralizar o PS. Sai-lhes o tiro pela culatra, porque é destas situações que eu mais gosto e mais combativo sou”, sublinhou.

Logo no início, sobre em quem votar, se PSD ou BE, para evitar que o PS tenha maioria absoluta, a líder bloquista ironizou que Rui Rio já dissera que queria "enfraquecer o Bloco" nas legislativas, em vez de ganhar as eleições, ao que o líder social-democrata explicou, com uma gargalhada, que "se quisesse perder eleições tinha que ser internado".

Já mais a sério, Rio explicou que os objetivos do PSD passam ir a "eleições para ganhar" e por "retirar o PCP e o BE da esfera do poder", assim como a esquerda terá um objetivo inverso.

A troika e as privatizações

Nos primeiros minutos do frente a frente, Catarina Martins tentou colar Rio ao passado recente do Governo de direita, do PSD e do CDS, que procurou "empobrecer o país" e fez privatizações "por tuta-e-meia".

“Vemos como estas privatizações foram lesivas para o Estado e fruto dessa promiscuidade e não para defender Portugal. Na EDP são 18 ex-ministros e secretários de Estado do PS e PSD, no BES 13, no BCP 17, no BPN oito do PSD e três do PS. Foi um assalto que foi feito ao país”, declarou.

A coordenadora do Bloco de Esquerda sugeriu que o Estado deveria recuperar o controlo dos CTT e de uma parte da REN, que está “nacionalizada na mesma, mas à China”. E fez as contas: custaria 150 milhões de euros (50 milhões para a REN e 100 milhões para os CTT).

“É nem mais nem menos de um quinto do que damos todos anos à Lone Star pelo Novo Banco no fundo de resolução. São 25 mil milhões de euros que já foram para o sistema financeiro. Nestas empresas, que sempre garantiram lucros, o Estado recupera esses pagamentos num instante”, garantiu.

E foi nesta parte do debate que Rio comparou o programa eleitoral bloquista ao Processo Revolucionário em Curso (PREC), após a "revolução dos cravos", em 1975. A nacionalização de bancos e seguradoras foi recordada, por causa das nacionalizações dos CTT, REN, EDP ou ANA.

"O que está no programa do BE é parecido ao PREC", afirmou Rio, que alertou para os riscos que estas medidas fazerem "disparar para patamares brutais" a dívida pública portuguesa, que é "a terceira ou quarta mais alta" na União Europeia e "uma das mais altas no mundo".

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