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Mochilas, computador, calçado. Tudo pronto para o regresso à escola?

06 set, 2019 - 12:30 • Marta Grosso com Direção-Geral do Consumidor

Do planeamento das compras à prevenção rodoviária, dos cuidados com o uso da internet e aos alertas para a utilização das mochilas: eis um guia completo para preparar um regresso às aulas tranquilo.

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No início de cada ano letivo, é costume surgir alguma ansiedade no seio das famílias. Há novos horários a cumprir (e conjugar), há crianças que mudam de escola ou para lá vão pela primeira vez e há, em cima de tudo, uma lista de material escola para comprar.

Ele são livros, lápis de cor, cadernos, computadores, roupa e sapatos, e depois toda a logística da deslocação e da segurança, que pode incluir passes sociais e até o telemóvel para contactar com as crianças.

Para ajudar neste regresso à “rotina de inverno”, a Direção-Geral do Consumidor divulgou algumas recomendações (e a Renascença acrescentou uns pozinhos).

Ora, tome nota.

Para não pesar tanto na carteira

  • Verifique se ainda tem material escolar do ano anterior em casa e se pode ser reaproveitado;
  • Faça uma lista do que é necessário para cada criança, incluindo calçado e vestuário (pode integrar as crianças nesta tarefa);
  • Planeie as compras, compare preços e evite precipitar-se;
  • Se as crianças o acompanharem nas compras, defina as regras e explique-lhes previamente o que podem comprar;
  • Leve em consideração a qualidade e durabilidade dos produtos;
  • Não compre por impulso;
  • Guarde a fatura de computadores e/ou telemóveis adquiridos por causa da garantia e lembre-se que, nas compras online, existe um prazo de 14 dias para anular a compra.

De acordo com uma sondagem da Cetelem, apenas 30% dos portugueses inquiridos dizem que fazer poupanças economias direcionadas para a educação dos educandos.

Neste ano, e de acordo com o mesmo estudo, os portugueses preveem gastar, em média, 363 euros: cerca de 40% até 250 euros e 29% entre 250 e 500 euros, enquanto 22% não sabiam responder.

Lembrar que a semanada ou mesada constitui também uma fatia dos gastos, pelo que deve contar com este montante nas contas gerais do orçamento familiar.

Material escolar

  • Prefira borrachas, canetas e lápis tradicionais, sem aromas;
  • Procure, preferencialmente, tintas de base aquosa e sem solventes;
  • Preste atenção à rotulagem e instruções dos produtos;
  • Opte, sempre que possível, por um consumo amigo do ambiente, dando preferência a materiais recicláveis, certificados e biodegradáveis (por exemplo, lápis reciclados);
  • Verifique se existem arestas cortantes em réguas, esquadros e afins e se a escala e os números estão legíveis;
  • Escolha dossiers e cadernos mais resistentes para que durem todo o ano escolar.

Mochilas: qual a melhor?

  • A mochila deve ser adequada à estatura do aluno (a criança deve experimentá-la na altura da compra);
  • Uma mochila vazia não deve pesar mais do que 0,5 kg;
  • Opte pelos modelos mais anatómicos;
  • As alças devem ser largas e acolchoadas;
  • Preferencialmente, deve ter alças de bloqueio à frente, à semelhança das mochilas de caminhada;
  • Se optar por uma com rodas (trólei), dê preferência aos modelos com pega regulável que se possa adaptar à altura da criança.

Os médicos recomendam que o peso de mochila não seja superior a 10% do peso corporal – ou seja, para uma criança que pese 25 quilos, a mochila não deve pesar mais do que 2,5 kg.

Quanto aos tróleis, diz o médico Luís Teixeira, numa entrevista na Renascença, que não condiciona o peso sobre a criança, mas não facilita na transposição de barreiras físicas, como escadas e patamares. E aí a criança é obrigada a carregar a mochila-trólei.

Na utilização da mochila…

  • As alças estar sobre os dois ombros;
  • As alças devem ser reguladas de modo a que a mochila fique acima da cintura;
  • Coloque o material mais pesado junto às costas;
  • Levar apenas o essencial para a escola (o que pode implicar uma revisão diária do material).

Precisa de computador ou tablet?

A Direção-Geral do Consumidor lembra que, na compra de um computador, tablet, telemóvel ou outro equipamento (como máquinas calculadoras), é importante que exista – de modo visível, legível e indelével – a “marcação CE” no próprio equipamento.

A marcação pode estar na sua embalagem, nas instruções de utilização ou na documentação relativa à garantia do produto. É obrigatória e significa que o produto está conforme com os requisitos legais aplicáveis.

Uma vez verificada esta marcação:

  • Observe a rotulagem e prefira equipamentos que lhe garantam melhores níveis de eficiência;
  • Antes de comprar, verifique se é possível a sua troca/devolução e em que condições;
  • Lembre-se de guardar a fatura para efeitos de garantia, que, salvo situações de mau uso, é de 2 anos;
  • Recorde ainda que, no caso de uma compra feita pela internet, dispõe de 14 dias para resolver o contrato sem qualquer encargo ou apresentação de justificação.

Quase metade (48%) dos inquiridos num estudo da Cetelem tenciona comprar equipamento informático neste regresso às aulas. Calculadoras, tablets e telemóveis são alguns dos “gadgets” que ganham relevância entre os portugueses com estudantes a seu cargo.

Vestuário e segurança

Sabia que os cordões estão na origem de muitos acidentes, alguns dos quais graves e fatais? Todos os anos, em todo o mundo, registam-se acidentes (evitáveis) por causa de cordões no vestuário para criança. Mas onde estão eles?

  • na zona do capuz ou do pescoço: podem entrelaçar-se em equipamento de jogo e recreio (como escorregas), triciclos, portas e peças de mobiliário, entre outros, apresentando riscos de estrangulamento para as crianças até aos 7 anos;
  • na zona da cintura e das bainhas inferiores das peças de vestuário: podem ficar presos em equipamento de jogo de recreio, elevadores e veículos em movimento, tais como portas de automóveis, autocarros, bicicletas, podendo provocar ferimentos graves, por arrastamento ou atropelamento (mais nas crianças entre os 7 e os 14 anos).

Lembre-se: no vestuário para crianças até aos 7 anos não são permitidos cordões localizados na zona do capuz ou do pescoço.

No vestuário para crianças de qualquer idade não são permitidos cordões deslizantes, decorativos ou funcionais localizados na parte de trás da peça de vestuário.

Na compra de sapatos ou ténis…

  • Verifique se existem irregularidades: nós, costuras, outras saliências ou características que possam causar desconforto ou algum tipo de lesão ao pé;
  • A criança deve experimentar o calçado, andando pela loja durante alguns minutos;
  • Pergunte-lhe se sente o calçado apertado (sapatos apertados podem deformar os pés).

Ai, os lanches e os almoços!

São uma das dores de cabeça para muitos pais. Todos os dias há que pensar no que mandar na lancheira e não há imaginação e criatividade que resista. A resistência à “comida de plástico” começa a fraquejar… mas aqui ficam algumas dicas para reforçar a defesa da alimentação saudável.

  • Planear os lanches/almoços à semana ajuda a variar nos alimentos, equilibrando melhor os essenciais e saudáveis com os mimos que os miúdos tanto gostam.
  • As frutas da estação são as mais recomendáveis por conterem menos tóxicos, além de serem mais baratas;
  • Envolver a criança na preparação pode motivá-la mais a assumir uma alimentação saudável.

É importante que, dentro da lancheira, conste um produto de cada grupo alimentar: proteína ou lácteo (leite, iogurte, queijo), fruta ou legume ao natural (pelas fontes de vitaminas, fibras e minerais) e um hidrato de carbono para dar energia (pães, de preferência escuro, e cereais).

  • Prefira as que possam ser consumidas com casca ou fáceis de descascar (como banana), pois a maioria perde vitaminas e oxida depois de cortada;
  • Varie as opções de proteínas: leite, iogurte, queijo branco, ricota temperada, requeijão, creme de ricota, cream cheese, patês caseiros;
  • Os queijos permitem várias criações, como rolinhos e formatos com moldes de biscoitos;
  • Use cortadores de biscoitos para fazer sanduíches com formatos diferentes e divertidos;

Além disto, é bom que a criança tenha sempre água para se hidratar.

Na internet, encontra várias receitas para lanches e almoços saudáveis.

Lembre-se ainda de acondicionar os alimentos em recipientes adequados, que garantam a sua boa conservação.

Antes de ir para a escola, é fundamental que a criança – e toda a família – tome um bom pequeno-almoço em casa. Afinal, é a refeição principal do dia.

E agora vou para a escola… a pé

  • Ensine as regras de segurança e sinalização;
  • Respeitar a sinalização e atravessar sempre nas passadeiras;
  • Na ausência de passadeira, escolher um local com boa visibilidade para peões e condutores, de forma a verem e serem vistos;
  • Acompanhe as crianças algumas vezes no percurso, sobretudo no início;
  • As crianças devem caminhar sempre do lado de dentro do passeio;
  • Nas bermas, devem ir de frente para os carros e o mais afastadas possível da faixa de rodagem;
  • Atravessar apenas com sinal verde para peões e sempre a direito, sem correr;
  • No atravessamento entre veículos estacionados, parar no limite entre os carros parados e certificar-se de que os condutores de ambos os lados estão a ceder a passagem.

E agora vou para a escola… de transportes públicos

Desde abril de 2019 que os passes sociais estão mais baratos e amigos das famílias, nomeadamente para quem vive, trabalha e estuda na Grande Lisboa e no Grande Porto (mas não só).

Nestas deslocações, tal como nas feitas a pé, aplicam-se as regras de segurança rodoviária e outras como:

  • não confiar em estranhos;
  • dar confiança e segurança às crianças, nelas próprias, para que saibam dizer “não” quando se sentem desconfortáveis com uma pessoa ou situação, reconhecendo os limites;
  • saber o endereço e número de telefone dos pais, caso se perca;
  • pode optar por colocar um papel com os seus números de contacto e os de familiares e/ou amigos na roupa da criança;
  • avisar os pais quando chegar ao destino;
  • praticar o grito e o pedido de ajuda, caso se encontrem num local isolado.

E agora vou para a escola… de carro

É indispensável a utilização correta de sistemas de retenção – cadeirinhas ou bancos elevatórios – para transportar as crianças em segurança, qualquer que seja a distância, o percurso ou a velocidade.

O transporte de menores de 12 anos e altura inferior a 1,35 metros tem de ser feito em cadeirinhas homologadas, adaptadas ao seu tamanho e peso e devidamente instaladas no veículo.

Tenha ainda atenção:

  • A entrada e a saída do veículo devem ser sempre efetuadas do lado do passeio;
  • As crianças nem sempre são visíveis pelos espelhos do veículo, pelo que as manobras, especialmente a de marcha-atrás, devem ser realizadas com cuidado redobrado.

Aplicam-se ainda todas as regras de segurança e prevenção rodoviária para peões, sobretudo na deslocação de e para o carro.

No caso das crianças que começam agora a escola, pode ser importante visitar o local onde vão começar a ir todos os dias antes do começo das aulas. Isto, porque as crianças precisam de alguma previsibilidade na vida e quanto mais elas conhecerem do novo sítio para onde vão melhor. E isso inclui o trajeto casa/escola/casa.

A escola em casa

É importante estabelecer uma rotina diária para os trabalhos para casa (TPC): definir o momento em que tal acontece, e a sua duração, depois da chegada a casa. E uma outra para os fins-de-semana.

  • Ensine-o a criar hábitos de estudo; se tiver um filho mais velho, poderá ajudar o mais novo a aprender e a estudar.

Ter um espaço e ambiente de estudo tranquilo, bonito e confortável é meio caminho andado para o sucesso escolar, dado que ajuda as crianças a concentrarem-se melhor e a produzir mais.

Para criar este ambiente não é preciso gastar muito dinheiro – por vezes, apenas mudar alguns móveis de lugar e alterar a decoração.

Além disso, é importante que consiga dedicar algum do seu tempo para estar ao lado do seu filho no momento do estudo ou dos trabalhos de casa – tal não significa estudar ou fazer os trabalhos de casa por ele.

Fazer-lhe perguntas, perceber que matéria está a dar, por vezes até improvisar uma aula, em que a criança é o professor são algumas ideias.

Porque todos temos horários e os dos adultos costumam ser cheios e apertados, é importante que, no início do ano letivo, pense na melhor maneira de integrar estes momentos de estudo e acompanhamento do estudo.

Considere ainda a importância de haver momentos de lazer e não juntar no mesmo dia as disciplinas de que eles gostam menos. Ainda que fundamentais até para a concentração, as pausas não devem ser demasiado longas.

Pelos caminhos da internet

Para garantir a utilização da internet com segurança, a Direção-Geral do Consumidor recomenda o seguinte:

  • Instale no computador uma aplicação para controlo parental, que filtre e bloqueie o acesso a determinados conteúdos indesejados;
  • Utilize a internet em conjunto com as crianças, nem que seja por curtos períodos de tempo, para de algum modo conhecer as suas habilidades e preferências;
  • Tenha sempre presente que a participação numa rede social implica a partilha de informação, incluindo fotografias, que em mãos erradas pode ser perigosa. Sensibilize os seus filhos para esta realidade;
  • Se os seus filhos fizerem parte de uma rede social, ensine-os a dominar as suas funcionalidades, de forma a preservarem sempre a sua privacidade e segurança.

A oferta de serviços online de apoio ao estudo é cada vez maior e diversificada. É, por isso, cada vez maior a tendência a recorrer a este tipo de ferramentas.

De acordo com um estudo da Cetelem, as plataformas disponibilizadas pelas escolas são as mais utilizadas pelos estudantes (23%), com especial destaque pelos inquiridos do 3º ciclo e no ensino secundário (35% e 40%, respetivamente).

Surgem depois as plataformas das editoras/manuais escolares, os vídeos online (ambos com 18%) e as redes sociais (17%).

  • Conheça as passwords (senhas) de acesso a todos os sites, redes sociais, e-mails e outras plataformas digitais utilizadas pelos seus filhos.

Lembre-se ainda de:

  • Definir regras claras de utilização na internet e explicar o seu porquê;
  • Ponderar a introdução de programas de segurança online com vista a reduzir os riscos a que estão expostos.

· Falar com os seus filhos sobre os possíveis perigos. Por mais repetitivo que possa parecer, é uma conversa deve ser repetida, sublinhando que os perigos online podem ser aplicados ao mundo real;

· Encorajar as crianças a falar sobre as suas experiências online e, em especial, sobre qualquer situação que os faça sentir desconfortáveis ou ameaçados. Promova a partilha;

· Não descurar os dispositivos móveis, seja nos mecanismos de controlo seja na definição de horas de utilização e aquilo a que podem ou não aceder, incluindo aplicações;

· Alertar para compras indesejadas na utilização de aplicações enquanto se está a jogar;

E, finalmente, dormir

A qualidade do sono e a quantidade de horas dormidas faz diferença, não só na saúde, como no aproveitamento escolar das crianças.

  • Recomenda-se dormir entre 8 e 10 horas por noite (podendo variar de acordo com as necessidades de cada criança);
  • É recomendável um ritual a ser seguido todos os dias: lavar os dentes, fazer xixi, beijinhos de boa noite, eventual história e dormir.

· Deve haver uma hora fixa para ir para a cama, sobretudo durante os dias de semana;

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