04 set, 2019 - 18:18 • José Pedro Pinto
Filipe Rocha (Paços de Ferreira). Marcel Keizer (Sporting). Jorge Silas (Belenenses SAD). Três treinadores demitidos em quatro dias, em plena paragem da Primeira Liga para os compromissos de seleções e um cenário que leva a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) a sair em defesa da classe, contra a falta de "competência" e "estofo" dos dirigentes para lidar com as inaugurais adversidades da época.
José Pereira, presidente da associação de classe dos técnicos, assinala, em Bola Branca, a "precariedade" crescente que se tem vindo a sentir no futebol profissional. E com reflexos naquilo que é o desenrolar da época das próprias equipas.
"É prejudicial para as próprias equipas. Por substituir o treinador, que ninguém pense que vai resolver os problemas. No final do campeonato, há uma equipa que vai ser campeã e outras duas que vão descer. Alterem o que alterarem, esta é a realidade pura e dura. É preciso que os presidentes e Direções tenham isto em mente e que tenham competência e capacidade para saber dizer aos sócios que é preciso paciência em determinadas situações para que os treinadores possam ter sucesso", começa por salientar, dando exemplos sintomáticos.
"Temos equipas que à terceira jornada têm três vitórias e depois descem de divisão ou equipas que à terceira jornada não têm pontos e acabam a qualficar-se para a Europa. Há tantos exemplos que nos levam a concluir que é preciso mais lucidez e mais calma na resolução destes problemas. Mas as pessoas não têm estofo e estatuto para aguentar estas situações. E acaba desta forma", lamenta José Pereira.
Uma palavra para Keizer: "Comportamento digno de registo"
Filipe Rocha foi o primeiro a ser "chicoteado", no último domingo. Terça-feira, rebentou nova crise desportiva para os lados de Alvalade, com a saída de um holandês que não resistiu sequer 10 meses completos no Sporting mas que sai com boa imagem.
"Quando chegam a Portugal, os treinadores estrangeiros e passam a ser apenas treinadores de futebol. Marcel Keizer teve sempre um comportamento digno de registo e do maior respeito por parte de todas as entidades e todos os portugueses", enfatiza o presidente da ANTF.
O caso particular de Silas
Podia ser Silas como outro qualquer mas a realidade é que o técnico que abandona o comando do Belenenses SAD, ainda sem qualquer vitória no campeonato ao cabo de quatro jornadas, personifica a luta pela credenciação e habilitação que a ANTF tem vindo a travar.
"É uma coisa absurda e que não se compreende. Os clubes é que fazem as leis. Mas toda a gente reconhece que essas habilidades não podem existir no nosso futebol. Estamos a estudar as possibilidades de evitar estas situações. Não é bom para o clube, que naturalmente usufrui de uma habilidade saloia e também para os treinadores, pela construção da sua carreira. Todos têm de queimar etapas para chegar ao topo. E a ANTF quer regulamentos a ser cumpridos com o que está estipulado e com as próprias leis", conclui José Pereira.