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Hospital das Forças Armadas vai formar médicos especialistas

30 ago, 2019 - 08:04 • Redação

O objectivo do Governo é fazer face à falta de especialistas em Portugal.

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A partir do final do próximo ano, o Hospital das Forças Armadas quer começar a formar médicos especialistas. A notícia é avançada à Renascença pelo ministro da Defesa.

De acordo com o ministro João Gomes Cravinho, o quadro de pessoal vai ser reforçado para que o hospital passe ter “idoneidade formativa”.

“Em primeiro lugar, há que criar condições com algumas transferências de médicos que estão em diversos ramos das Forças Armadas para o hospital, para que possa começar a arreceber internos”, explica.

O objetivo é “criar um círculo virtuoso” através do qual o Hospital das Força Armadas passe a ter os meios humanos necessários para atender às várias necessidades.

Este processo deve levar um ano e “espero que antes do final de 2020 isso já seja possível”, prevê o governante que está em Díli a representar o Governo português nas cerimónias dos 20 anos do referendo que abriu caminho à independência de Timor-Leste.

O despacho do ministro da Defesa tem por base um estudo da ex-ministra da Saúde Ana Jorge sobre o Sistema de Saúde Militar (SSM), concluído em junho.

Têm sido recorrentes as notícias da falta de clínicos, levando a condicionamentos nos serviços. Ainda esta semana, foi noticiado que mais de 350 vagas para médicos que terminaram a especialidade nas áreas de medicina geral e familiar, saúde pública e hospitalar ficaram por preencher no concurso de primeira época deste ano, que disponibilizava 1.264 postos de trabalho.

Estudo admite capacidade formativa no hospital militar

Um estudo elaborado pela ex-ministra da Saúde Ana Jorge defende o reforço da abertura do Hospital das Forças Armadas (HFAR) ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e admite que possa ter capacidade formativa.

"Neste momento, há carência de lugares de formação para o internato médico no âmbito do SNS e é uma oportunidade de parceria com o SNS", refere o documento, que diz que o HFAR pode funcionar não só como "polo formador" de médicos das Forças armadas como receber clínicos civis do internato médico.

O Relatório do Estudo de Avaliação do Sistema de Saúde Militar defende também que deve ser reforçado o acesso do HFAR às forças de segurança e que o HFAR "deveria trabalhar em articulação com as unidades de saúde dos três ramos das Forças Armadas".

Diz que a unificação dos hospitais dos três ramos num único hospital com dois polos "sem terem sido acauteladas outras medidas" provocou "uma disfunção do sistema, insatisfação nos profissionais e uma resposta nem sempre adequada".

Segundo dados da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, de um total de 390 médicos, 189 são médicos militares e 27 destes estão na reserva. Aos 390 médicos, acresce um total de 72 internos, todos de especialidades hospitalares, com exceção de três internos de Medicina Geral e Familiar.

Os médicos das Forças Armadas estão alocados a cada um dos ramos e podem iniciar a sua carreia no Serviço de Saúde Militar (SSM) de duas formas: através das academias militares, obtendo a licenciatura já nas Forças Armadas (FA), ou após a licenciatura, ingressando nas Forças Armadas como oficiais.

Atualmente, após a licenciatura, estão dois anos a prestar serviço como médicos gerais, embora possam já ter feito a opção por uma especialidade.

Face à carência de médicos para as unidades de saúde e para a saúde operacional, o relatório elaborado por Ana Jorge propõe que este tempo possa ter "um aumento para três ou quatro anos de forma a haver maior disponibilidade de médicos para a saúde operacional e assistencial nos ramos, para que, durante o internato complementar na especialidade, possa haver menos interrupções".

"Acresce ainda que, além da sua atividade clínica, os médicos podem ser, também, os responsáveis pela formação dos mais novos, ao manterem-se no hospital", sublinha.


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