25 ago, 2019 - 15:29 • Rui Barros, com redação
António Costa recusa “alimentar polémicas” e recomenda a leitura integral da entrevista publicada no sábado ao semanário “Expresso”. O líder do PS responde assim às críticas de membros do “Bloco de Esquerda” depois de, na entrevista, Costa ter dito que que o partido era um partido de “mass media”.
“Eu recomendo que quem estiver interessado em ler a entrevista ao Expresso que leia a entrevista toda e não a resposta a uma única pergunta. Uma única pergunta que, retirada do contexto, pode ter um sentido diverso. Não vou estar aqui nessa polémica”, disse António Costa aos jornalistas.
Costa está a fazer uma viagem pela Estrada Nacional 2 e, em São Brás de Alportel, disse que recusava continuar a alimentar a polémica. Quando questionado se cai continuar a viagem sozinho, o primeiro-ministro disse que “vamos certamente seguir uma viagem conjunta”. “O país faz-se com todos e é com todos que vamos trabalhar para continuar a prosseguir este trajecto”, disse Costa.
Em entrevista ao “Expresso”, e apesar de ter feito uma avaliação positiva do acordo parlamentar à esquerda, Costa usou o exemplo espanhol do PSOE e do Podemos para dizer que uma alteração de equilíbrios de poderes à esquerda, nomeadamente com um Bloco mais forte do que o PS, seria sinónimo de ingovernabilidade.
“Acho que é fundamental um reforço claro do PS. Acho que é preciso evitar uma situação ‘à espanhola’, onde temos um Partido Socialista fraco que conduz a uma solução de ingovernabilidade. Temos que ter um partido socialista forte que garanta a estabilidade [em Portugal]. Temos todos de olhar para Espanha para perceber os riscos do que significa um PS fraco e um Podemos forte”, disse Costa ao Expresso.
Fazendo uma comparação entre PCP e Bloco de Esquerda, Costa socorre-se de uma comparação que atribui a um amigo para dizer: “o PCP é um verdadeiro partido de massas, o Bloco é um partido de ‘mass media’. E isto torna os estilos de atuação muito diferentes”.
Quem não apreciou os comentários de Costa sobre o seu partido foi Marisa Matias. Através da rede social Twitter, a eurodeputada criticou as palavras do líder socialista, dizendo que nos quatro anos em que “precisou de parceiros para ser governo” nunca fez caricaturas de mau gosto mas, que agora, parece fazer tudo “para tentar maiorias absolutas”.