20 ago, 2019 - 10:00 • Redação
No Brasil há um projecto que pretende melhorar a empatia dos homens e mulheres da lei. Por isso, para além das aulas teóricas, os magistrados também tiveram uma componente prática onde tiveram de desempenhar diferentes tarefas, como exemplo, fazerem limpezas ou serem telefonistas.
Este ano, 24 juízes brasileiros participaram no projeto da Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ), avança a BBC Brasil.
O objetivo é reforçar a empatia e compreensão dos juízes, relativamente a outras profissões.
Durante um dia, os juízes e desembargadores têm aulas práticas e teóricas para depois trabalharem durante 24 horas como telefonistas, empregados de limpeza, ajudantes gerais, entre outras profissões. No final do dia, podem revelar as verdadeiras identidades e a razão da sua presença. Depois disso, passam mais dois dias a discutir a experiência. No total, são 50 horas de curso.
Implantado pela Escola Judicial em 2017, o projeto quase acabou pouco depois de começar. Muitos participantes não reagiram bem à ideia de passar um dia em trabalhos com uma remuneração mais reduzida e, na visão deles, de menor prestígio, conta o diretor da Escola Judicial, Marcelo Augusto.
"Como acredito que pessoas melhores são juízes melhores, acho que o projeto é essencial".
Apesar da resistência inicial, o projeto foi implementado. No primeiro ano, de 20 vagas disponíveis, só 12 foram preenchidas. Em 2019, houve 24 participantes, alguns até de outros Estados brasileiros. Desta inicitiava resultou um livro e um documentário.
A ideia do tema da invisibilidade pública veio de um livro do sociólogo Fernando Braga, que escreveu sobre a "enorme distância que é criada pelas diferenças entre as classes sociais".